PREGAÇÃO

Não Julgar... como?

Mt 7.1-5      55 minutos      08/10/2017         

Mauro Clark


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Não julgar... como?

Mt 7.1-5

 

Entre os crentes, é comum a ideia de que não devemos julgar os outros.

Há base bíblica? Depende! O assunto não é tão simples.

É difícil e a má compreensão pode levar a erros sérios.

Proposta: explicar hoje o que Jesus disse sobre isso no Sermão do Monte e depois verificar 4 tipos de julgamentos proibidos e 4 tipos de julgamentos permitidos!

 

v.1

Não julgueis, para que não sejais julgados

Julgar: κρινω krino: julgar, pronunciar julgamento (entre outras).

Termo abrangente, o significado exato depende do contexto.

 

De início, parece que Jesus proíbe todo e qualquer tipo de julgamento. Não é assim.

O contexto mostra que Ele condena apenas determinado tipo de julgamentos e de atitude.

Na realidade, Ele até aprova e autoriza certo tipo de julgamento - não apenas no próprio texto do Sermão do Monte, mas em outras partes do NT.

Exs.:

v.6: “não deis aos cães o que é santo, nem lanceis antes aos porcos as ...pérolas”: como saber quem são os que se enquadram como “cães” e “porcos” sem avaliar, julgar?

v.15: “Acautelai-vos dos falsos profetas”: como identificar como falso profeta sem algum tipo de julgamento?

 

Ele não diz que é errado julgar, em termos absolutos. E nem proíbe totalmente de julgar.

Apenas lembra um princípio prático de vida: quem julga, fica sujeito a receber julgamento.

Esse princípio é citado de forma até mais abrangente em Lc 6.37-38

 

Para que não sejais julgados: por quem: por Deus ou pelos homens?

Duas opiniões:

1) Refere-se exclusivamente a julgamento divino.

2) Julgamento humano (tendo por base o divino) quanto às nossas obras.

Claro que há base bíblica para dizer que, pelo menos até certo ponto, Deus regula a Sua maneira de tratar conosco em função de como nos comportamos com relação aos outros.

Mas acho que o contexto fala também de relacionamentos entre pessoas.

Se eu julgo pessoas, devo me preparar para ser julgado por elas.

 

No v.1 parece que quem não quer ser julgado, que não julgue de maneira alguma.

Mas certamente alguém iria replicar, com razão:

Mas, Senhor, há circunstâncias em que é preciso julgar, fazer avaliação, determinar o que se vai fazer em vista da atitude de alguém”.

 

v.2

Jesus então, complementa o princípio que havia comentado: quem julga, fica sujeito a ser julgado pelos mesmos critérios com que julgou.

Ou seja, quem for exercer julgamento, deve ter muito cuidado ao estabelecer os critérios.

 

Se julgar com compreensão e bondade, receberá a mesma coisa dos outros.

Se julgar de modo exigente, receberá julgamento rigoroso.

Em suma: rigor atrai rigor – tanto dos homens quanto de Deus. Brandura, atrai brandura, tanto dos homens como de Deus.

 

De maneira implícita, Jesus reprova aqui o comportamento típico do fariseu:

Lc 18.912: espírito julgador, pronto para criticar, condenar e atribuindo justiça a si próprio.

Se parássemos aqui já teríamos uma lição muito valiosa: devemos ter muito cuidado ao avaliar, julgar e reprovar quem quer que seja.

Sem abrir mão de princípios bíblicos, nosso critério deve ser o mais largo possível, complacente, paciente, compreensivo, com amor.

 

Voltando: Jesus, como profundo conhecedor da natureza humana, sabia que tinha de aprofundar o assunto.

Ele sabe que todos temos a tendência de julgar de maneira errada.

Somos péssimos julgadores. E há um tipo de erro muito comum, que os discípulos deveriam evitar.

E é exatamente esse tipo de julgamento errado que Jesus se refere nos v.3-5:

 

v.3-5

argueiro: cisco; trave: pedaço de pau. Exagero proposital.

A imagem é quase humorística: alguém tentando tirar cisco do olho do outro, estando ele próprio com um galho de árvore dentro do olho.

Dois erros aqui da parte do julgador:

1) Está numa situação pior do que o outro a quem está julgando.

2) A própria condição ruim dele o impede de enxergar o cisco no olho do outro, ou seja, não está em condições de fazer avaliação justa, correta, equilibrada da situação.

 

No v. 4, interessante: Jesus assume que o julgador não quer ficar apenas no julgamento em si, mas quer fazer alguma coisa para ajudar a tirar o cisco do olho do outro.

E isso em si não é mau.

Observe que Jesus não disse: “Esqueça o outro, deixe-o em paz com o cisco, ele que cuide de tirar”.

Jesus não reprova o que está julgando, quanto ao querer tirar o cisco do olho do outro.

O que diz é que não há condição de fazer isso, pois ele próprio está numa situação pior. Em termos espirituais, o próprio pecado o impede de fazer avaliação precisa do problema do outro e muito menos de partir para ajudá-lo.

 

Jesus então é duro:

v.5

Quem insiste em julgar sem antes corrigir a si mesmo, está sendo hipócrita (orig: ator, fingido): transmite duas impressões erradas:

a) Que está em plenas de condições de julgar o outro. Não está.

b) O interesse em ajudar o outro é duvidoso, pois se tentar ajudar vai piorar.

Quem é que, com um cisco no olho, se entregaria ao melhor oculista do mundo, mas que está impedido de enxergar?

 

Jesus então dá a solução: tire a trave do teu olho, trate de se corrigir.

Ou seja, antes de qualquer coisa, julgue a si mesmo!

Aqui muitos desistem. É difícil ser juiz de si mesmo. Nosso orgulho não aguenta as pancadas.

 

Mas quando conseguir, agora sim, pode “enxergar direito”, ou seja, em condições morais e espirituais para enxergar com precisão o “cisco no olho” do outro e ajudá-lo a se livrar.

 

Veja como Jesus implicitamente aprova o julgamento e uma ação de ajuda, da parte de quem preenche duas condições:

 

1) É cuidadoso com critérios.

Exemplo: não julgar propósitos (só Deus conhece os corações); não julgar pelas aparências; não julgar costumes que a Bíblia claramente não reprova; não julgar sem antes checar a realidade, etc.

Nas próximas pregações veremos cada um desses tipos de julgamentos proibidos.

 

2) Está com “olho limpo”: bom padrão de vida cristã, senão perfeita, mas séria, aprovada.

 

Pessoa com esses dois requisitos dificilmente fará julgamento precipitado, errado, carnal, só para criticar.

Não devemos deixar de julgar outras pessoas com o propósito de ajudá-las. Apenas devemos ter muito cuidado.

 

E mais: graças a Deus por irmãos sérios e bem intencionados que nos avaliam, julgam, acham que estamos errados e vêm nos ajudar, com amor e paciência, a tirar o cisco do nosso olho.

 

Que Deus nos ajude e nos abençoe. Amém

Mauro Clark, 72 anos, pastor, pregador e conferencista, foi consagrado ao ministério em 1987. Iniciou em 2008 a Igreja Batista Luz do Mundo, que adota a posição Batista Regular. Mauro Clark é também escritor. Produziu artigos em jornal por dez anos e tem escrito vários livros de orientação e edificação cristã. Em 2004 instituiu o Ministério Falando de Cristo.
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