PREGAÇÃO

Você conhece o ministério do Espírito? (Série 2 CORÍNTIOS 11 de 54)

2Co 3.6-17      61 minutos      13/07/2014         

Mauro Clark


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Na última pregação, comentei no v.3 que Paulo, ao falar de carta de Cristo, disse que não era escrita com tinta mas com o Espírito Santo, e que não era em pedra (em vez de dizer que não era em papiro ou pergaminho).

Certamente ele estava pensando nas tábuas dos 10 mandamentos que Deus escreveu com o próprio Deus e entregou a Moisés. E ficou a ideia na mente para desenvolver depois, o que faz do v. 6 em diante.

Ao falar que a sua suficiência vinha de Deus, Paulo diz que foi exatamente de Deus que recebeu um ministério bem específico e que era uma novidade comparado com o ministério de Moisés.

E cita vários contrastes entre esses dois ministérios, como veremos.

 

v.6

Primeiro contraste: Velha Aliança (implícito) x Nova Aliança

Velha Aliança: Lei de Moisés, como todo o sistema sacrificial de animais, cujo sangue apontava para o sangue de Cristo. E também a adoração no Templo, festas, comemorações, rituais - tudo apontando para Cristo.

 

Nova Aliança: feita com base no próprio sangue de Cristo e tudo o que acompanhava o ministério de Cristo, com o cancelamento das coisas provisórias.

 

Mais um contraste: Aliança da letra x Aliança do Espírito

A letra mata: a lei que Deus deu para o povo seguir era a forma de demonstrar que era impossível ao homem agradar a Deus. Então, condenava, legitimava o estado de morte em que os judeus (e a humanidade em geral) se encontrava.

 

O espírito vivifica: para alguém satisfazer as exigências da Nova Aliança no sangue de Cristo, tinha de ser transformado por dentro, passar da morte para vida, um trabalho vivificador realizado no coração pelo Espírito Santo.

 

v.7-13

Outro contraste:  

Ministério da morte (baseado na letra que mata) x Ministério do Espírito (que vivifica).

 

O argumento é o seguinte:

Mesmo sendo o ministério da morte ( e da condenação” - v.9), aquele ministério teve a sua glória. Tanto que o rosto de Moisés resplandecia quando falava com Deus no monte:

 

Ex 34.29-32

Esse brilho na face de Moisés era como um pequenino reflexo da glória de Deus, indicando que tudo o que estava acontecendo era muito especial e glorioso.

Se o ministério da morte teve a sua glória, seria de esperar que o ministério do Espírito e da vida não apenas tivesse glória, mas uma glória muito maior que o outro. (v.7-8)

E foi exatamente o que aconteceu: a glória de ministério da letra foi bem limitada, pois o aspecto visível dessa glória, o brilho no rosto de  Moisés, ficava exposto apenas por um tempo, pois Moisés cobria: Ex 34.33-35

Só que o texto não diz o MOTIVO pelo qual Moisés agia assim.

Somente mil e quinhentos anos depois é que o Espírito Santo explica através de Paulo o motivo real, no nosso texto de 2Co 3: o brilho se desvanecia! v.7, 11

E Moisés cobria o rosto para que não vissem o brilho se apagando!: v.13

 

O brilho no rosto de Moisés mostrava glória, mas uma glória que diminuía, numa clara referência à precariedade e à provisoriedade de TODO o ministério da Antiga Aliança.

Deus não é Deus de uma glória que se acaba. A rigor, glória no rosto de Moisés, um reflexo da glória de Deus, não era para ter esvanecido, mas para durar o tempo todo.

Só que o brilho na face de Moisés foi obtido num contexto de uma aliança precária, de um relacionamento com Deus muito limitado.

O fato do brilho ir diminuindo indicava essa precariedade.

 

Quanto ao ministério da nova aliança, a glória é muito maior, pois é permanente (mais um contraste).

Não apenas Paulo, mas qualquer crente que entrou na Nova Aliança reflete uma glória permanente, pois foi unido com Cristo, tem a mente de Cristo, foi feito um só corpo com Cristo, passou a ser habitação do Espírito Santo, foi justificado (note no v.9 “ministério da justiça”, em contraste com o “ministério da condenação”).

Quem entrou em Nova Aliança com Deus foi perdoado, regenerado, tornou-se um filho de Deus, em Cristo.

Tudo isso de modo absolutamente permanente, irreversível!

Essa glória é sobreexcelente:  transcende, ultrapassa, excede a glória da Antiga Aliança.

 

Vocês estão vendo o tamanho do significado de uma conversão a Cristo?

Estão vendo a responsabilidade que pesa nos seus ombros, em refletir a glória de Deus por ter entrado em aliança com Ele, pelo sangue de Cristo?

 

Seria estranho Moisés, recém chegado do Monte, rosto ainda brilhando muito, começar a mentir, ou a falar imoralidade, ou se embriagar, qualquer tipo de relacionamento indigno de Deus.

Pois essa é a responsabilidade do crente, só que 24 horas por dia!

 

v.12: Tendo, pois, tal esperança, servimo-nos de muita ousadia no falar.

“Agora vocês entendem porque sou tão ousado naquilo que falo e tão inflexível nas verdades que defendo e ensino? É que a minha esperança é baseada em coisas muito sólidas, muito valiosas, muito especiais.”

Nova lição prática: fale com OUSADIA as coisas de Deus, mesmo que critiquem.

 

v.14-15

Paulo muda abruptamente de assunto, passando a falar sobre a dureza dos judeus.

sentido: grego: νοεω noeo: entendimento, percepção: aqui no sentido espiritual

deles: os filhos de Israel (v.13), ou seja, os judeus

se embotaram: gr πωροω poroo: lit. recobrir com uma pele espessa, endurecer ao recobrir com um calo: metáf.: tornar o coração endurecido, insensível.

 

Paulo está dizendo o seguinte:

Cristo veio, iniciou a Nova Aliança, derramando o próprio sangue. Tudo o que estava figurado na Lei e apontava para Ele, foi devidamente cumprido. E uma vez cumprido, perdeu o sentido, tornou-se antiquado.

O sangue de animais já podia ser dispensado, pois o próprio sangue de Cristo já fora derramado.

Não teria mais sentido o ofício dos sacerdotes, pois o Sumo Sacerdote definitivo já havia intercedido junto a Deus pelos pecadores.

Não teria mais sentido adorar no Templo, pois cada crente seria o templo de Deus.

 

O problema é que os judeus (em sua maioria) não perceberam isso.

Não compreenderam que Cristo era o Messias prometido e que se tornara o Salvador do mundo, tendo cumprido perfeitamente a Lei.

E essa incompreensão Paulo compara a um véu sobre o coração deles.

Interessante: ele mantém a figura do véu, só que agora mudando o significado.

Antes, o véu significava um impedimento físico, um pano sobre o rosto de Moisés, para os judeus não verem o brilho diminuindo, o que mostrava a imperfeição da Lei.

Agora o véu significa um impedimento espiritual para compreender o ministério e a Pessoa de Cristo, que cumpriu e deixou para trás a Nova Aliança. E esse véu é um embotamento espiritual sobre o coração deles.

 

até hoje (duas vezes)

Quando Paulo escreveu, Cristo havia estado em Israel há 30 anos. Ou seja, há 30 anos o Evangelho estava sendo pregado, mas os judeus continuavam com o véu, ainda agarrados à Velha Aliança, desprezando a Nova.

 

v.16-17a

Mas a cegueira não era para todos os judeus sem exceção.

De vez em quando alguém se convertia ao Senhor (aqui deve se referir a Cristo).

 

Veja como Paulo usa o TEMPO PASSIVO quando fala da incapacidade espiritual dando lugar à conversão:

... NÃO LHES SENDO REVELADO que em Cristo é removido,

...o véu ESTÁ POSTO sobre o coração deles

... quando algum se converte, o véu É RETIRADO

 

Todo o processo de conversão, tanto de judeu quanto de gentio, é dirigido e controlado pelo Deus triuno. É Deus quem revela a Nova Aliança. É Deus quem tira o véu que estava no coração do pecador.

 

O Senhor é o Espírito

De maneira misteriosa, Paulo identifica o Senhor com o Espírito Santo.

Se o Senhor significa Cristo então Paulo está unindo a Pessoa de Cristo com a Pessoa do Espírito Santo - o que tem sentido, do modo como Cristo disse “Eu e o Pai somos um”.

Mas também pode ser que aqui Senhor não se refira a Cristo, sendo uma maneira de Paulo chamar o Espírito Santo também de Senhor (além de Cristo).

Seja como for, Paulo evidencia a DIVINDADE do Espírito Santo.

 

v.17b

e, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade

Liberdade é o oposto de escravidão. Em muitas passagens Paulo fala da escravidão da Lei, de cumprir tudo, etc.

Mas aqui o assunto não era liberdade, mas cegueira, impedimento de ver, de enxergar espiritualmente.

Penso que liberdade aqui tem o sentido de se ver livre da venda espiritual, liberdade de enxergar a realidade em Cristo, de examinar a beleza de Cristo por todos os ângulos, de adquirir visão espiritual.

Quando acorda, você pensa: “Sou livre”? Pois pense e viva com tal!

v.18

 

Encerra o assunto, de modo tão bonito, que dedicarei toda a próxima pregação apenas para esse versículo.

 

Que Deus nos abençoe com essas lições.

E você, sem Cristo, aceite a Nova Aliança no sague de Cristo que Deus lhe propõe.

Amém

Mauro Clark, 72 anos, pastor, pregador e conferencista, foi consagrado ao ministério em 1987. Iniciou em 2008 a Igreja Batista Luz do Mundo, que adota a posição Batista Regular. Mauro Clark é também escritor. Produziu artigos em jornal por dez anos e tem escrito vários livros de orientação e edificação cristã. Em 2004 instituiu o Ministério Falando de Cristo.
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