PREGAÇÃO

A minha purificação vem de mim mesmo ou de Deus? (Série 2 CORÍNTIOS 33 de 54)

2Co 7.1-4      56 minutos      17/05/2015         

Mauro Clark


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v.1: ... tais promessas:

Este versículo deveria ser o último do cap. 6, pois é claramente uma conclusão.

Após uma forte advertência para os irmãos se separarem do mundo, o texto termina com Deus prometendo nos receber e nos tornar filhos dEle (6.17-18).

São essas promessas a que se refere aqui.

 

... purifiquemo-nos de toda impureza (contaminação):

Observe o link entre separação do mundo e purificação: andam juntas.

É como se Paulo concluísse: “Já que tantas coisas boas nos foram prometidas por Deus, vamos nos afastar das coisas mundanas e, que é o primeiro passo para nos purificarmos de toda impureza, e nos tornarmos cada vez mais como Deus deseja.

 

Mas Paulo não se satisfaz em apenas falar de “impureza”. Ele esmiúça mais:

... (impureza) tanto da carne como do espírito

NVI: ... purifiquemo-nos de tudo o que contamina o corpo e o espírito

Para uma purificação eficiente, é fundamental evitar contaminação em duas áreas:

1. A vida aqui (pensamentos, relacionamento com as pessoas, mundo, etc)

Importante haver rigor na seleção das coisas que faz aqui e pessoas com quem comunga, se deixa influenciar, etc.

 

2. A comunhão com Deus

O diabo é tão sagaz, que pode fazer com que você se concentre tanto no seu estado de pureza aqui (quanto ao sexo, honestidade, comportamento, etc), e descuide da sua comunhão com Deus.

É lamentável o crente que se comporta bem aqui, mas permite que seu espírito seja contaminado com leituras de má filosofia e conceitos anti-Deus, com pouca oração, com frieza com Deus, pouco envolvimento com o Corpo de Cristo (a igreja), etc.

 

... aperfeiçoando a nossa santidade NO TEMOR DE DEUS

Observe duas coisas:

a. A necessidade de ESFORÇO próprio na santificação: “separe-se do mundo”, “purifique-se”, “aperfeiçoe a santidade”: ordens que implicam em ação.

 

b. Paralelamente, a santificação NÃO é alcançada apenas através de esforço próprio.

É um processo que tem de estar sujeito a Deus. Tudo depende dEle.

O “temor a Deus” aqui concentra toda uma série de atitudes diante de Deus: submissão, respeito, reverência, reconhecimento de que Ele é quem dá poder, etc.

 

Minha sugestão: procure se purificar e crescer na santificação como se esse processo não tivesse nada a ver com Deus, mas apenas com você.

Ao mesmo tempo, implore a Deus para lhe purificar e fazer crescer na santificação como se esse processo não tivesse nada a ver com você, mas dependesse totalmente dEle - que de fato depende, mas contando com você.

Reconheço que isso é misterioso, mas não procure conciliar, simplesmente trabalhe com as duas realidades ao mesmo tempo.

E cuidado em enfatizar tanto uma que chega a suprimir a outra: se esforçar tanto, que esquece do poder de Deus. E ficar tão concentrado em pedir poder a Deus que relaxa no esforço.

 

Voltando:

Em 6.11-13, Paulo falava de quão largo era o coração dele para com os coríntios e como os coríntios estavam limitados nas afeições a ele.

Então iniciou uma digressão ao falar na necessidade dos crentes se separarem - que é o texto 6.14-7.1.

 

Agora, do v.2-4, ele retoma o assunto da relação dele com os coríntios, e vice-versa.

E diz tantas coisas bonitas!

 

v.2: Acolhei-nos em vosso coração

Acolher : deixar espaço. Quase repetição de 6.13: “dilatai-vos também vós”.

Falei na ocasião na lindeza do gesto: humildemente pedir para ser amado!

Nunca é demais repetir: não é indignidade olhar para um irmão duro, resistente, fechado e simplesmente pedir que ele seja largo para você, que lhe acolha no coração dele.

 

Paulo volta ao tema recorrente de se defender diante dos irmãos:

a ninguém tratamos com injustiça, a ninguém corrompemos, a ninguém exploramos

 

Tres vezes a expressão “a ninguém”, mostrando extremo rigor no critério de tratar a todos de maneira correta, cristã.

E o que foram as três coisas que ele não fez com ninguém?

1. Tratou com injustiça: gr. αδικεω adikeo: agir injustamente ou perversamente; fazer errado; fazer mal.

 

2. Corrompeu: φθειρω phtheiro: corromper, destruir, estragar (ético: depravar).

Alguns acham que se referiu a prejudicar financeiramente.

 

3. Explorou: πλεονεκτεω pleonekteo: levar vantagem (às veze por ganância)

 

Fique com essas perguntas para pensar durante a semana:

* Tem sido criterioso em tratar as pessoas com a mesma dignidade, mesmo cuidado?

* Tem tratado alguém com injustiça? Pense nos filhos, nos empregados, nos mais pobres.

* Tem corrompido alguém em algum sentido? Pense nas conversas, opiniões, atitudes.

* Tem explorado alguém? Não apenas nos negócios e transações, mas no uso do poder.

 

v.3: Não falo para vos condenar

condenar: κατακρινω katakrino: condenar, julgar digno de punição, declarar culpado

 

Parece estranho: Paulo reclama deles, critica, se queixa e diz que não fala para condenar! E para que é?

A resposta não vem diretamente, mas ao falar da atitude do seu coração para com eles:

 

..já vos tenho dito que estais em nosso coração para, juntos, morrermos e vivermos

Se precisasse morrer por eles, Paulo o faria.

O coração de Paulo era cheio da melhor intenção para com eles.

E se indicava falhas, não era meramente visando punição, castigo, disciplina, mas para que soubessem do mal que estavam fazendo e se arrependessem, aprendessem, crescessem espiritualmentem.

Se precisasse, até que poderia disciplina-los, mas nunca como o grande objetivo, mas um MEIO de ajuda-los, aperfeiçoá-los.

 

Lição: quando tiver de criticar alguém, se queixar, reclamar, se concentre no propósito de ajudar, não de condenar, punir.

Se precisar punir (filho), disciplinar (membro da igreja), que faça, mas não como propósito básico, mas secundário, um MEIO para edificar.

 

v.4: Mui grande é a minha franqueza para convosco

franqueza: παρρησια parrhesia: franqueza na fala, coragem, audácia

Aqui há uma mudança: de queixa, Paulo passa a falar de alegria pelos irmãos.

É exatamente por ser franco que sente liberdade para falar tanto de coisas ruins e boas.

 

Coisa meio rara é franqueza, no sentido de ousadia no falar, de dizer o que é preciso.

Não de ser grosseiro, inconveniente, tipo “não ter papas na língua”.

Mas de falar, mesmo educadamente, coisas difíceis, não agradáveis, mas necessárias!

Se você quer melhorar suas relações pessoais, pense em ser mais franco, mais corajoso em falar certas coisas.

Alerta: esse é assunto delicado, difícil, precisa sabedoria do alto!

 

... e muito me glorio (me orgulho) por vossa causa.

Interessante: os irmãos davam trabalho e tristeza a Paulo e ele ainda se orgulhava deles!

Mas é claro! Afinal, há dois pontos importantes a considerar:

a. Eles davam também muita alegria a Paulo

b. A relação de Paulo com eles era baseada em Deus, atendendo a uma chamada de Deus para pregar em Corinto, fundar uma igreja lá, etc.

 

Lição: Qualquer coisa que fazemos em Cristo deve nos dar orgulho - não apenas as que nos dão alegria e prazer, mas também as que provocam tristezas e frustrações.

Quando pensar em realizações que você fez ou ainda faz, não jogue luz demais nas dificuldades e tristezas que provocam. Assim você ficará desanimado e frustrado.

Exemplos: educação dos filhos, profissão, relações com pessoas difíceis, etc.

 

Todas são tarefas difíceis e complicadas.

Mas se você está fazendo para Deus, sinta orgulho.

Quanto aos resultados, se são grandes, médios ou pequenos, deixe isso com Deus.

Aliás, provavelmente a avaliação dEle será bem mais FAVORÁVEL do que a sua!

 

sinto-me grandemente confortado e transbordante de júbilo... nossa tribulação

tribulação: usando da franqueza, Paulo afirma que tem sofrido muito com os irmãos.

Dois sentimentos nesse contexto:

a. grandemente confortado: lit.: cheio de conforto.

Conforto: παρακλησις paraklesis: conforto, consolo, encorajamento

Confortado por quem? Pelos irmãos? Não! Por Deus: 2Co 1.3-4

 

b. transbordante de júbilo: velha (aparente) incoerência cristã: alegria na dificuldade.

É que não se trata de alegria circunstancial, mas fruto do Espírito. Ou seja, novamente tendo Deus como fonte.

 

Deus permite a tribulação, mas ao mesmo tempo enche Paulo de conforto e alegria!

É por esse ângulo que você tem examinado e vivido os seus sofrimentos?

 

Do v.5 até o final do capítulo, falará sobre a grande alegria que teve com a chegada de Tito do meio deles, com relatório sobre a carta que havia mandado. Próxima pregação.

 

Que Deus nos abençoe. Amém

Mauro Clark, 72 anos, pastor, pregador e conferencista, foi consagrado ao ministério em 1987. Iniciou em 2008 a Igreja Batista Luz do Mundo, que adota a posição Batista Regular. Mauro Clark é também escritor. Produziu artigos em jornal por dez anos e tem escrito vários livros de orientação e edificação cristã. Em 2004 instituiu o Ministério Falando de Cristo.
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