PREGAÇÃO

Jesus, o maldito de Deus

Mc 15.33-37; Mt 27.45-50; Lc 23.44, 46; Jo 19.28-20      48 minutos      01/04/2012         

Mauro Clark


headset Ouça
cloud_download Baixe
print Imprima
pregação close Jesus, o maldito de Deus
volume_upReproduzindo o áudio na barra inferior


33 Chegada a hora sexta, houve trevas sobre toda a terra até a hora nona. 34 À hora nona, clamou Jesus em alta voz: Eloí, Eloí, lamá sabactâni? Que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? 35 Alguns dos que ali estavam, ouvindo isto, diziam: Vede, chama por Elias! 36 E um deles correu a embeber uma esponja em vinagre e, pondo-a na ponta de um caniço, deu-lhe de beber, dizendo: Deixai, vejamos se Elias vem tirá-lo! 37 Mas Jesus, dando um grande brado, expirou. 38 E o véu do santuário rasgou-se em duas partes, de alto a baixo. 39 O centurião que estava em frente dele, vendo que assim expirara, disse: Verdadeiramente, este homem era o Filho de Deus.
#########

Nossa pregação começa ao meio dia da 6ª. feira em que Cristo morreu. Ela já estava na cruz há 3 horas (desde as 9h da manhã - Mc 15.25).
Nessas primeiras 3 horas, Ele sofreu todo tipo de gozação e blasfêmia.
E também falou três das sete famosas frases na cruz:
* Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem
* (Para o ladrão convertido): Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso
* (Para Maria e João): Mulher, eis aí o teu filho e eis aí tua mãe

De repente algo inesperado e apavorante:
Mc 15.33: trevas sobre toda a terra
Trevas de meio-dia às três da tarde: três horas em completa escuridão.
Não sabemos a extensão do eclipse. A Bíblia nada fala do que aconteceu naquele período.
Imediatamente devem ter parado os insultos. Durante alguns momentos, certamente grande confusão, todos apavorados. Depois, devem ter ficado quietos, falando baixo, pensativos.

Aquelas três horas seriam tão difíceis para o Filho de Deus, que é como se o Seu Pai ordenasse ao sol que parasse de iluminar, para não dar o gosto a homens tão malvados de assistirem ao sofrimento do Salvador.

Além disso, aquelas trevas lembravam as trevas internas que invadiam a alma de Jesus. O pecado do mundo, que ele carregava ali estava cobrando seu alto preço. Seu preciosíssimo relacionamento com o Pai estava, pouco a pouco, sendo abalado. Ele estava ficando só. 
Os pecados dos homens passaram a ficar tão identificados com Ele, que o Seu Pai foi se afastando dEle.
Jesus pôde suportar o abandono dos seus amigos, discípulos, parentes. Mas o desamparo, pior, a AVERSÃO de Seu Pai era demais, era mortal para Ele.
No final da terceira hora de trevas, às 3h da tarde, de repente veio o brado, em alta voz, como que resumindo todo o intenso sofrimento daqueles terríveis momentos:

Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?
(4ª. frase):
Não disse “meu Pai”, como sempre falava. Estava no limite máximo da Sua separação de Deus como Pai. Sua comunhão com o Pai fora cortada pelo próprio Pai. 
Morte eterna é separação de Deus. E naqueles momentos cruéis, o Pai Lhe virou o rosto. Deus é santo demais para conviver com o pecado.

2Co 5.21
: Estava acontecendo naquele exato momento.

Gl 3.13
: maldito: grego επικαταρατος epikataratos = “amaldiçoado, execrável, exposto à vingança divina, sob a maldição de Deus” (Strong). (Paulo cita Dt 21.23). Jesus ali era o maldito de Deus.

Stalker, em “A Vida de Cristo”: “Foi ali que a Sua alma atingiu as profundezas da miséria”.
Ele estava no clímax da terrível experiência da morte eterna que cada um de nós merece. Ele agora sentira na pele o que é estar totalmente separado de Deus.

Importante: nesse brado, Jesus cita Sl 22.1, escrito 1000 anos antes por Davi. Os escribas conheciam bem o texto. Por aquela passagem, eles bem que poderiam ter refletido que ali estava o verdadeiro Messias.

Pelo que deduzimos, logo após Seu brado, o sol volta a brilhar. Estava vencida uma etapa - a pior, a mais difícil. Agora faltava outra: a morte física.
Quando o pecado entrou no mundo, trouxe a morte física (separação do corpo e da alma) e a espiritual (separação de Deus). Para que a justiça fosse completa, o seu pecado, o meu pecado, ainda teria que levar o Senhor Jesus à morte física.

Jo 19.28: tenho sede: 5ª. frase:
Sua força física estava se esvaindo. E Ele não tinha a menor vaidade de esconder isto. Tão poderoso e tão humilde!!!
Veja o detalhe: ... para se cumprir a Escritura (Sl 69.21)
Se não fosse para ficar claro esse cumprimento, certamente Ele teria ficado calado, como ficou com todos os outros sofrimentos que teve lá na cruz.

Jo 19.29; Mt 27.48-49; Mc 15.36
Um soldado deu vinagre. Não é claro se foi um ato de misericórdia ou de crueldade (para prolongar a agonia). Outros insistiam em caçoar (mandando que esperasse por Elias).

João 19.30: está consumado: 6ª. frase. Sua missão (de que tanto falara), já começava a ser coisa do passado.
Ele já começava a sentir o gosto da vitória.
Os sofrimentos que O esperavam, já haviam sido enfrentados:
* a grande expectativa durante todo o Seu ministério (na realidade, em toda a Sua vida)
* a angústia no Jardim das Oliveira
* a traição de Judas
* a negação de Pedro
* o abandono de Seus discípulos
* o julgamento falso e corrupto
* as calúnias, os bofetões, os cuspes, os espinhos
* o peso da cruz
* a agonia da crucificação
* e, principalmente, o horror do abandono de Seu Pai
Tudo isso era agora coisa do passado!!!

Quanto à missão de resgatar o homem das mãos de Satanás, essa era uma luta violenta! E essa luta, embora ainda não terminada, já estava definida.
Cl 2.13-15
Aos olhos dos homens incrédulos ali na cruz estava um homem derrotado. Mas aos olhos de Deus e de homens de fé, ali estava um Cristo vitorioso, adquirindo poder para livrar almas das garras do Diabo. Este sim, o Diabo, estava publicamente exposto ao desprezo, sua derrota era visível.

Deve ter sido um alívio dizer “está consumado”: agora era só descansar.
Ah, se os homens entendessem o valor dessa frase, o que se passou para Jesus poder dizer isto.

Lc 23.46: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito (7ª. e última frase)
Pai: voltara a comunhão. Agora Ele está tranquilo e confiante. Com a morte física às portas, Seu corpo iria se separar de Seu espírito. Seu corpo seria sepultado, para três depois ressuscitar. Mas o Seu espírito agora voltava para Deus, de onde viera.

entrego: com toda a consciência e confiança e prazer. Antes, Ele havia dito: Jo 10.17-18 
expirou: Jesus emitiu o último suspiro; morreu.

Encerro vendo rapidamente o efeito daquela morte em alguns presentes ali:
Mt 27.54: Mexeu profundamente com o centurião (gentio) e outros, se convenceram que Jesus era de fato o Filho de Deus.
Lc 23.48: Muitos batiam no peito: culpa, remorso, tristeza. Aqui não dá idéia de arrependimento. Mas talvez muitos daqueles se converteram com o discurso de Pedro, poucas semanas depois, quando 3000 almas se entregaram a Cristo.

Qual o efeito da morte de Jesus em sua vida?
* Nenhuma, pois, para você, é uma lenda.
* Se emociona, pois isso é uma história real, mas nada mais que isso.
* Ou você sente que há algo de muito sério nisto, que essa morte tem algo a ver com você, que ela tem poder de lhe substituir em sua morte?
A sua vida eterna depende dessa resposta! Que Deus Lhe ilumine para entender tudo isto e lhe converta.

Quando a nós que, pela fé, morremos com Cristo naquela morte e ressuscitamos com Ele três dias depois, cabe sermos coerentes e nos identificar cada vez mais com Ele também nas virtudes, no exemplo que deixou. E aguardar ansiosamente o encontro com Ele, quando formos ou quando vier nos buscar.

Que Deus nos abençoe. - Amém -

Mauro Clark, 72 anos, pastor, pregador e conferencista, foi consagrado ao ministério em 1987. Iniciou em 2008 a Igreja Batista Luz do Mundo, que adota a posição Batista Regular. Mauro Clark é também escritor. Produziu artigos em jornal por dez anos e tem escrito vários livros de orientação e edificação cristã. Em 2004 instituiu o Ministério Falando de Cristo.
FalandodeCristo © 2004-2024
"... pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus."
1 Co 1.24b
close
Ministério Falando de Cristo © 2004-2024 - www.falandodecristo.com
"... pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus." 1 Co 1.24b