Eu pertenço ao reino de Deus?

Sendo dia, saiu e foi para um lugar deserto; as multidões o procuravam, e foram até junto dele, e instavam para que não os deixasse.  43 Ele, porém, lhes disse: É necessário que eu anuncie o evangelho do reino de Deus também às outras cidades, pois para isso é que fui enviado.  44 E pregava nas sinagogas da Judéiam.
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Em muitas outras passagens vemos Jesus pregando sobre o reino de Deus.
E em outras, ainda, Ele envia os Seus discípulos para também pregarem o reino de Deus.
Seria natural que algo tão importante no ministério de Jesus fosse alvo da nossa mais aguda atenção. Mas será que isso ocorre? Algum dia você já parou para pensar:
1) O que é mesmo o reino de Deus?
2) Quem faz parte do reino de Deus?

De maneira resumida, responderemos hoje essas duas perguntas.

1) O QUE É MESMO O REINO DE DEUS?
Descrição geral do teólogo Alva McClain: “É o domínio de Deus sobre a Criação”.
Num sentido mais restrito: É a atuação divina (passada, presente e futura) na vida de pessoas salvas, atuação essa caracterizada pelos planos, princípios e exigências de Deus, e realizada em locais visíveis e invisíveis.
Muitas parábolas começavam com a expressão “O reino de Deus é semelhante...”
(Ou o “reino dos céus”, que é equivalente).

Algumas verdades que aprendemos com Jesus e seus discípulos sobre o reino de Deus:
* Lc 22.29-30: O reino de Deus foi confiado pelo Pai a Jesus. Assim, o próprio Jesus é o Rei desse reino. Por isso Ele é o Rei dos reis, o Senhor dos senhores. Por isso tem toda a autoridade no céu e na Terra.

* Jo 18.36: O reino de Cristo não é deste mundo, no sentido de que suas características, seus valores, são completamente diferentes dos que estavam presentes na época e ainda estão hoje. Como um reino existe, por exemplo, sem exército? Mas isso mudaria um dia. 

* Rm 14.17:O reino de Deus não é comida, nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo. O importante na vida é o espiritual, é o que visa as coisas de Deus.

* Lc 17.20-21: O reino de Deus já estava dentre os judeus, ou seja, num certo sentido já tinha vindo, na própria Pessoa de Cristo.
Além do mais, a chegada desse reino não seria um evento simples, facilmente observável naqueles dias, como se alguém viesse tomar o reino dos romanos.

* O reino de Deus ainda virá de maneira mais plena e visível: Mt 6.10; Mc 15.42-43
Primeira etapa: milênio, quando Cristo reinará mil anos em Jerusalém.
Segunda e infinita etapa: novo céu e nova terra, eternidade adentro.

* O reino de Deus não inclui todos: Jo 3.3; Mt 18.3

* Haverá grandes e pequenos no reino de Deus: Mt 18.4; Mc 10.42-43

Isso nos leva à 2a. pergunta:

2) DENTRE A HUMANIDADE, QUEM FAZ PARTE DO REINO DE DEUS?
Conforme a definição mais geral, todos os seres humanos.
Porém estamos mais interessados no sentido mais restrito, mais interno do reino de Deus.
Perguntando de outro modo: QUEM VAI GOZAR AS DELÍCIAS DO REINO DE DEUS, EM COMUNHÃO COM ELE?

* Primeiro: quem NÃO vai. Existem várias listas. Apenas uma: 1Co 6.9-10
Em outras palavras: pecadores que continuam vivendo em seus pecados.
Isso abrange TODOS os seres humanos que permanecem espiritualmente como nasceram: mortos. É o que a teologia chama de homem natural.

* Quem VAI: na mesma passagem, no v.11: os justificados, lavados por Cristo e santificados. Ou seja, os que, pela fé, alcançaram salvação em Cristo.
Outra passagem: Cl 1.13-14
Não é que nós estávamos por aí vagueando, então Deus nos convidou para entrarmos no Seu reino, pensamos um pouco e resolvemos aceitar. Nós pertencíamos a outro reino, ao império das trevas. E éramos escravos lá. Deus nos arrancou poderosamente das garras do nosso antigo opressor, Satanás. E não foi uma invasão geral, na qual Deus livrou todos os eleitos, de uma vez só. Deus invade o reino de Satanás cada vez que chega a hora de libertar um salvo. Para cada crente salvo, é montada uma verdadeira operação resgate!Fomos libertados individualmente pela providência direta do próprio Deus. Maravilha!

Essa mudança de “cidadania” ocorreu com cada um no momento em que se converteu.
Evidentemente algo assim tão fantástico ocorrido conosco deve ter causado em impacto enorme em nossas vidas - do tipo ANTES e DEPOIS da conversão. Os efeitos desse impacto tem durado até hoje? Se não, algo está errado.

Lembram o que houve com os israelitas depois de libertos do Egito e o mar Vermelho se abriu? Júbilo, cânticos e muita festa: Ex 15.1-2, 20-21
E era para ter sido assim mesmo. Mas logo depois, com as dificuldades que surgiram, eles reagiram mal, murmurando, fazendo ídolos, amaldiçoando. Um comportamento ingrato, desconsiderando tudo o que Deus fizera com eles.

Importante: Mas, em termos do povo, o livramento já havia sido feito. Era irreversível.
Reclamando ou não, agora eles eram um povo liberto e o melhor que tinham a fazer era não apenas ser responsável com essa liberdade, mas especialmente DESFRUTAR, vibrar com essa liberdade.
É por isso que vemos tantas vezes no VT os judeus sendo exortados a se lembrarem daquele grandioso evento do êxodo.

Voltando a nós.
A entrada no reino de Deus é algo tão forte, tão significativo, que não há outra atitude razoável a não ser o crente desejar viver totalmente em função desse reino maravilhoso.
Qualquer coisa fora disso indica uma vida cristã defeituosa (ou inexistente!)
Se o crente não é consciente da necessidade de viver absorvido por esse reino, está sendo inconseqüente e ingrato, pois está desconsiderando o que Deus fez por ele.
E também desvalorizando todo o ensino das Escrituras sobre o envolvimento que devemos ter com o reino de Deus, começando imediatamente após a conversão.

Termino com uma passagem de Apocalipse, bela e misteriosa, mas que mostra com clareza o quão intimamente estamos incluídos no reino de Deus: Ap 5.1-10.

Que Deus nos abençoe.