PREGAÇÃO

O Bom Samaritano - 2/2

Lc 10.25-37      45 minutos      01/11/2009         

Mauro Clark


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25 E eis que certo homem, intérprete da Lei, se levantou com o intuito de pôr Jesus à prova e disse-lhe: Mestre, que farei para herdar a vida eterna?  26 Então, Jesus lhe perguntou: Que está escrito na Lei? Como interpretas?  27 A isto ele respondeu: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento; e:  Amarás o teu próximo como a ti mesmom .  28 Então, Jesus lhe disse: Respondeste corretamente; faze isto e viverásn.o  29 Ele, porém, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: Quem é o meu próximo?  30 Jesus prosseguiu, dizendo: Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e veio a cair em mãos de salteadores, os quais, depois de tudo lhe roubarem e lhe causarem muitos ferimentos, retiraram-se, deixando-o semimorto.  31 Casualmente, descia um sacerdote por aquele mesmo caminho e, vendo-o, passou de largo.  32 Semelhantemente, um levita descia por aquele lugar e, vendo-o, também passou de largo.  33 Certo samaritano, que seguia o seu caminho, passou-lhe perto e, vendo-o, compadeceu-se dele.  34 E, chegando-se, pensou-lhe os ferimentos, aplicando-lhes óleo e vinho; e, colocando-o sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e tratou dele.  35 No dia seguinte, tirou dois denários e os entregou ao hospedeiro, dizendo: Cuida deste homem, e, se alguma coisa gastares a mais, eu to indenizarei quando voltar.  36 Qual destes três te parece ter sido o próximo do homem que caiu nas mãos dos salteadores?  37 Respondeu-lhe o intérprete da Lei: O que usou de misericórdia para com ele. Então, lhe disse: Vai e procede tu de igual modo.
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Conforme comentamos na pregação passada, esta parábola é um drama em dois atos: duas perguntas do escriba a Jesus.
Já vimos a primeira pergunta e como Jesus respondeu.
Hoje estudaremos a segunda pergunta, que deu origem à paráboloa propriamente dita.

Tudo começou com o escriba que resolveu colocar Jesus à prova.
E faz uma pergunta difícil e complexa: o que fazer para herdar a vida eterna.
Jesus respondeu com uma pergunta: O que diz a lei?
O escriba responde certo, resumindo: Amar a Deus e ao próximo.
Jesus então responde à pergunta: “Está correto. Faze isto e viverás”.

Nesse ponto parece que o escriba teve dúvida quanto à interpretação do 2o. ponto, talvez assumindo erroneamente que já cumpria o primeiro.
Como ele não queria aprender nada, mas apenas checar se estava fazendo direito, perguntou a Jesus quem era o próximo, certamente esperando uma lista tipo “seus parentes, amigos, etc.”
Como resposta, veio a famosa parábola do bom samaritano.
Um homem (implicitamente um judeu) descia de Jerusalém para Jericó: estrada íngreme e perigosa. Foi assaltado e muito ferido. Parece jornal de hoje.

E lá vem um SACERDOTE - homem que servia no templo, oferecia sacrifícios a Deus, intermediando pelo povo. Era o exemplo máximo de religiosidade para o judeu.
Montado em seu cavalo (provavelmente), viu o homem semimorto, mas passou de largo.
Detalhe: ele deve ter se sentido tranquilo e plenamente justificado: havia um risco e uma incoveniência de parar:
RISCO: ser também assaltado. Os ladrões poderiam ainda estar por ali.
INCOVENIÊNCIA: se o homem estivesse morto, quem o tocasse estaria cerimonialmente imundo. Para se purificar seriam necessários rituais demorados e caros. Fora o contrangimento por ser sacerdote.

Agora vem um LEVITA: homem que assessorava os sacerdotes nos serviços do templo, hierarquicamente inferior ao sacerdote. Talvez estivesse a pé.
Quem está descendo aquela estrada vê quem vai na frente.
Talvez o levita tenha visto o sacerdote passar direto e pensado: “Ora, se um sacerdote não fez nada eu vou fazer?”
De qualquer forma, ele também passou ao largo e deixou o homem lá.

A propósito, não deixe de ajudar porque viu o outro sem ajudar.

Agora o terceiro homem: SAMARITANO, odiado pelos judeus, pois eram povo misto.
O escriba deve ter ficado extremamente atento quando Jesus falou no samaritano. Depois da seqüência “sacerdote-levita”, ele esperva um judeu comum. Mas veio um abominável samaritano!
Para nós, seria algo como: “Veio um pastor, depois uma missionário, e depois um muçulmano fanático parente do Saddan Hussein!” Coisa boa não vai sair...
Mas o samaritano viu e compadeceu-se. (Corrigida: “movido de íntima compaixão”).
E AGIU: fez curativo, colocou o homem sobre o seu próprio animal (talvez tenha ido a pé), levou-o para uma hospedaria e tratou dele naquele dia.

Importante notar que ele correu riscos ainda mais altos dos que os do sacerdote:
* Poderia ter sido assaltado.
* Na hospedaria poderiam ter desconfiado dele, ao entrar. O ambiente ficava carregado quando chegava um samaritano.  É como entrar hoje um palestino árabe em plena Tel-Aviv carregando um israelita ferido. Talvez fosse imediatamente preso até explicar.
* Por incrível que pareça, o próprio ferido (se era judeu) ao retornar a si, poderia ficar indignado ao saber que foi ajudado por um samaritano. Talvez preferiria ter morrido.

Para desespero de quem ouvia a parábola, Jesus diz que no dia seguinte a boa ação do samaritano continuou: deixou dinheiro para o hospedeiro cuidar do ferido. E mais, quando voltasse, ainda reembolsaria se tivesse gasto mais.
O samaritano caprichou em cada detalhe da sua caridade. 

Nesse ponto o escriba devia estar constragido, arrependido por ter iniciado a conversa.
Lembre-se que Jesus ainda não tinha respondido à pergunta de quem era o próximo.
E Ele continua com o método de responder com outra pergunta.

E faz a segunda pergunta: Qual dos três foi o próximo do assaltado?
Resposta óbvia: o samaritano.
Interessante: o escriba não disse “o samaritano”, mas “aquele que usou de misericórdia”.
Jesus arremata, aplicando para a vida do escriba: vai e procede tu de igual modo.
Aquele homem deve ter percebido que estava muito mais longe da lei do que pensava!
E uma lei que ele mesmo entendia e ensinava.
E ao estar longe da lei, estava longe da vontade de Deus e fora dos Seus princípios. E ao estar longe da vontade de Deus, estava longe da VIDA ETERNA!

E nós, crentes, o que fazemos com essa parábola?
Antes de tudo, o fato de termos sido salvos pela fé em Cristo não nos isenta de levarmos muito a sério amar a Deus com todas as forças e ao próximo com a si mesmo.
Mas, mesmo sabendo que tem obrigação de amar o próximo, cuidado para não pensar:
“Ah, hoje é diferente. O mundo é muito mais violento. Estamos dispensados, né?!”
Nada disso! O mundo não é mais violento em sí. A violência está dentro de cada homem desde que entrou pecado no mundo.
O que ocorre é que a violência é MAIS VISÍVEL E MAIS ABUNDANTE, porque tem mais gente e os meios de comunicação tornaram tudo mais rápido.

Mas aquele samaritano correu os mesmos riscos que corremos hoje ao ajudar um ferido.
Ele talvez até mais, por ser inimigo do povo judeu.
Precisamos encarar os fatos com realismo e honestidade.
Jamais encontraremos solução para um problema se não identificarmos claramente a CAUSA. Não confunda DESCULPA com causa.
Dizer que não ajudamos um estranho em dificuldade porque é muito complicado, porque há riscos, etc., isso é DESCULPA.
De fato é complicado, de fato há riscos, mas esse não é o MOTIVO PRINCIPAL pelo qual passamos ao largo.
E qual é? FALTA DE COMPAIXÃO.

Jesus foi extremamente preciso quando disse, logo após o samaritano entrar em cena, que ele foi “movido de íntima compaixão”. Aqui está a chave da questão.

Você tem compaixão pelo seu próximo, ou seja, por aquele que cruza o seu caminho precisando de ajuda, mesmo um inimigo?
Para lhe ajudar a responder a pergunta, termino com TRÊS observações:
1. Compaixão é uma componente do amor, que é fruto do Espírito. Ora, a medida da espiritualidade de um crente não é pelos dons ou pela capacidade, mas pelos FRUTOS.
Se temos pouco amor é porque somos fracos espiritualmente.
É melhor então reconhecermos essa fraqueza e tentar melhorar, do que iludirmos a nós próprios com desculpas.

2. O fruto do Espírito é produto do Espírito Santo em nosso coração. Não adianta apenas desejar ter compaixão. É necessário pedir explicitamente a Deus.
Quando foi a última vez que você pediu a Deus para ter mais compaixão pelo próximo?

3. Antes de falar da compaixão, Jesus disse que ALGO aconteceu entre o samaritano e o homem ferido. O que foi? O samaritano VIU o outro.
Pode parecer insignificante, mas esse detalhe é importantíssimo.
Como se pode ter compaixão de alguém que nem se vê?

Você OLHA para o rosto de um esmoler na rua? Corrija isso!
E quantos a seus irmãos em Cristo, você tem conhecido os seus problemas para poder, então, pensar em oferecer ajuda? E depois de conhecer, tem DE FATO oferecido ajuda?
E depois de oferecer, tem de fato AJUDADO?

Irmãos: já temos a vida eterna, embora ainda não na plenitude.
E se ainda estamos nesta vida, é treinando para a eternidade.
Quanto mais formos obedientes aqui à vontade de Deus, mais estaremos preparados para a eternidade, além de mais bênçãos aqui mesmo.
Abramos pois mais os nossos corações, para Deus derramar mais amor ao próximo.

Amigo, jamais pense que irá conquistar a vida eterna obedecendo à Lei.
Você jamais irá amar a Deus com todas as suas forças e jamais irá amar o próximo como a si mesmo. Ninguém consegue.
A salvação é conseguida pela fé em Cristo. Esse sim, muito nos amou.
Não estou dizendo para você esquecer a questão de amar a Deus e ao próximo, mas saiba que você somente conseguirá fazer isso de maneira crescente DEPOIS de se tornar salvo em Cristo.

- Amém -

Mauro Clark, 72 anos, pastor, pregador e conferencista, foi consagrado ao ministério em 1987. Iniciou em 2008 a Igreja Batista Luz do Mundo, que adota a posição Batista Regular. Mauro Clark é também escritor. Produziu artigos em jornal por dez anos e tem escrito vários livros de orientação e edificação cristã. Em 2004 instituiu o Ministério Falando de Cristo.
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