PREGAÇÃO

JOVEM, lembra-te do teu Criador (Série ECLESIASTES 43)

Ec 12.1-7      52 minutos      09/10/2022         

Mauro Clark


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Conforme falamos na pregação passada, a partir do Cap 11.8, Salomão se dirige especialmente aos jovens quase até o final do livro (de 11.9 a 12.8).

 

v.1-5a

Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade...

- Ah mas eu tenho boa memória, isso é fácil para mim. Todo dia eu me lembro de Deus!

Não é isso. “Lembrar” aqui é considerar, levar a sério.

 

O jovem está sempre ouvindo que ele é o futuro: da igreja, do país, do mundo.

Sempre pensa no futuro: namoro aponta para o casamento, que aponta para filhos, etc.

O 2o. grau aponta para o vestibular.

A Faculdade aponta para formatura, que aponta para emprego.

Parece que tudo na vida é futuro!

Ora, se tudo é futuro, o presente importa pouco, certo? Nem tanto!

 

O vestibular será consequência de um bom 1o. e 2o. gráu.

A profissão será fruto de um bom curso na faculdade.

O casamento será fruto de um namoro equilibrado e de uma boa escolha, no presente.

No aspecto moral, o homem será no futuro o que começou a ser no presente.

 

No aspecto espiritual, aí é que o presente é mesmo importante.

O jovem está na fase exata - em termos de energia, vigor - para se dedicar a Deus.

O problema é que... essa fase passará!

É exatamente esse o argumento com que Salomão justifica o seu conselho.

Ele poderia apenas dizer: “A sua juventude vai passar, você envelhecerá e morrerá”.

Mas preferiu colocar de maneira poética, tocante e super detalhada, passo a passo.

Até o v.5a, usando a fórmula “antes que”, citou 15 características da velhice que o jovem iria experimentar, até o ponto de enfrentar a própria morte.

 

Antes que...

1. venham os maus dias, e cheguem os anos... dirás: Não tenho neles prazer

Maus dias: não dias comuns de dificuldades e dores, mas relacionados com a chegada da velhice, e consequentemente, da perda de energia, de curtir prazeres, de enfrentar desafios, de ter sonhos.

 

2. ... se escureçam o sol, a lua e as estrelas (do esplendor da tua vida) e tornem a vir as nuvens depois do aguaceiro

Talvez se refira à lucidez, memória, clareza de raciocínio.

Depois de uma dia de chuvas e trovoadas, espera-se um dia ensolarado.

Com a velhice, a esperança de dias melhores não existe mais.

Depois de um problema, outro! Depois de uma dor, outra dor.

Depois de uma doença, outra. E muitas vezes não é “depois”, mas ao mesmo tempo!

 

3. ... tremerem os guardas da casa, os teus braços,

Falta de firmeza ou mesmo doença tipo Mal de Parkinson.

 

4. ... curvarem os homens outrora fortes, as tuas pernas,

Fraqueza, falta de força, a ponto de se curvar.

 

5. ... cessarem os teus moedores da boca, por já serem poucos,

Queda dos dentes. Dentaduras e implantes ajudam. Mas nem sempre é possível.

6. ... se escurecerem os teus olhos nas janelas

Vista ruim. Praticamente 100% das pessoas idosas adquirem catarata.

A ciência resolveu esse problemas, mas muitos não conseguem, por várias razões.

E ainda há muitas outras doenças da vista, que a velhice só faz piorar.

 

7. ... os teus lábios, quais portas da rua, se fecharem

Ou dificuldade física de falar, ou incapacidade mental para concatenar bem as ideias.

Ou mesmo que tenha ambas as condições, pode simplesmente não ter vontade de falar.

 

8. ... não puderes falar em alta voz

Nunca se ouve um velho gritar bem alto. Pode até tentar, mas a voz será fraca, sem força.

 

9. ... te levantares à voz das aves

Falta de sono ou noites mal dormidas por desconfortos e dores, quando deseja ardentemente a chegada da alvorada para se levantar logo.

 

10. ... todas as harmonias, filhas da música, te diminuírem

Surdez. Este é um problema que a medicina pouco evoluiu, mesmo com aparelhos.

 

11. ... como também quando temeres o que é alto

Começa com medo de descer uma escada, depois de um simples degrau.

Depois, a própria altura já amedronta e precisa de uma bengala.

 

12. ... te espantares no caminho

Qualquer coisa é uma ameaça, sem condições de se defender.

E uma simples queda seria um desastre.

 

13. ... te embranqueceres, como floresce a amendoeira

Cabelos brancos.

 

14. ... o gafanhoto te for um peso

Falta de força quase absoluta, músculos atrofiados.

Chegará o dia em que até o próprio corpo será um peso, sem gafanhoto nenhum!

 

15. ... te perecer o apetite

Lit.: a alcaparra caia

Apetite: quase uma interpretação da metáfora da alcaparra. Duas opiniões:
a. Alcaparra era usada como estimulante para comer. Seria então falta de apetite.

b. Alcaparra era usada como afrodisíaca. Indicaria  declínio da atividade sexual.

 

v.5b

Neste ponto, o autor vislumbra o velho já na iminência de se defrontar com a morte.

 

... porque vais à casa eterna e os pranteadores andem rodeando pela praça

Casa eterna:

... eterna: hebr.: pode significar eternidade, mas também muito tempo.

Assunto aqui não é vida ou condenação eterna, apenas para o lugar onde estão os pais, sepultura, lugar definitivo em termos de vida terrena.

 

pranteadores: profissionais que choravam e gritavam diante de um morto (carpideiras).

É como que se eles estivesse esperando que ele morresse para fazer o seu trabalho.

 

v.6

Lembre-se do seu Criador antes... (algumas versões)

Salomão repete a exortação do início, para efeito de ênfase, e usa a mesma fórmula “antes que”, só que agora de modo altamente metafórico e poético, dramático, usando 4 figuras para representar o final da vida.

 

Antes que...

1.  ... se rompa o fio de prata

2. ... se despedace o copo de ouro

copo: pode ser recepiente para azeite, lâmpada

Vida descrita como luz, e a morte, trevas.

O fio onde estava a lamparina rompeu, a lâmpada caiu e a luz se foi.

 

3. ... se quebre o cântaro junto à fonte

4. ... se desfaça a roda junto ao poço,

Vida descrita como um contínua necessidade de beber água.

Num poço, quebrou-se o cântaro de tirar a água e até a roldana onde rodava a corda com o balde.

 

Agora não mais em figura, diz literalmente que a vida chegou ao fim, a pessoa morreu:

... o pó volte à terra, como o era e o espírito volte a Deus, que o deu.

Afirmação valiosa sobre a distinção entre corpo e espírito.

Coerente com Gn 1.7: Da terra, Deus criou o corpo, sem vida e soprou o espírito.

Dali em diante, o ser humano completo tem alma e espírito, formando uma unidade.

Mas essa unidade pode ser separada, quando o corpo morre: fica apenas o espírito com vida, numa existência “anormal”.

Deus criou para corpo e espírito estarem juntos.

 

Aqui vemos claramente a eternidade do espírito humano, que que voltará para Deus (para prestar contas, conforme 11.9)

(Sabemos que, depois, um novo corpo, eterno, se juntará ao espírito, novamente).

Em suma, enquanto está com vida o jovem é exortado a se lembrar, considerar o Criador.

“Aproveite o seu pique de jovem para se relacionar com Deus com toda a sua força e entusiasmo!”

 

Mesmo raciocínio da pregação passada: isso é válido a todo ser humano, mas melhor aproveitado pelo jovem, que está no auge da vida.

Lembro que, para muitos, a velhice não chega, a morte vem de repente.

Nesses casos, o conselho de Salomão ficaria ainda mais agudo, mais urgente.

Cada um dia de nós, dia a dia, se lembre do nosso Criador, do nosso Salvador.

 

Que Deus nos abençoe. Amém

Mauro Clark, 72 anos, pastor, pregador e conferencista, foi consagrado ao ministério em 1987. Iniciou em 2008 a Igreja Batista Luz do Mundo, que adota a posição Batista Regular. Mauro Clark é também escritor. Produziu artigos em jornal por dez anos e tem escrito vários livros de orientação e edificação cristã. Em 2004 instituiu o Ministério Falando de Cristo.
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