PREGAÇÃO

Filho em que sentido?

Lc 15.1-2, 11-32      55 minutos      29/01/2012         

Mauro Clark


headset Ouça
cloud_download Baixe
print Imprima
pregação close Filho em que sentido?
volume_upReproduzindo o áudio na barra inferior


1 Aproximavam-se de Jesus todos os publicanos e pecadores para o ouvir. 2 E murmuravam os fariseus e os escribas, dizendo: Este recebe pecadores e come com eles.... 11 Continuou: Certo homem tinha dois filhos; 12 o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me cabe. E ele lhes repartiu os haveres. 13 Passados não muitos dias, o filho mais moço, ajuntando tudo o que era seu, partiu para uma terra distante e lá dissipou todos os seus bens, vivendo dissolutamente. 14 Depois de ter consumido tudo, sobreveio àquele país uma grande fome, e ele começou a passar necessidade. 15 Então, ele foi e se agregou a um dos cidadãos daquela terra, e este o mandou para os seus campos a guardar porcos. 16 Ali, desejava ele fartar-se das alfarrobas que os porcos comiam; mas ninguém lhe dava nada. 17 Então, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui morro de fome! 18 Levantar-me-ei, e irei ter com o meu pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; 19 já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus trabalhadores. 20 E, levantando-se, foi para seu pai. Vinha ele ainda longe, quando seu pai o avistou, e, compadecido dele, correndo, o abraçou, e beijou. 21 E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. 22 O pai, porém, disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, vesti-o, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés; 23 trazei também e matai o novilho cevado. Comamos e regozijemo-nos, 24 porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado. E começaram a regozijar-se.
 25 Ora, o filho mais velho estivera no campo; e, quando voltava, ao aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. 26 Chamou um dos criados e perguntou-lhe que era aquilo. 27 E ele informou: Veio teu irmão, e teu pai mandou matar o novilho cevado, porque o recuperou com saúde. 28 Ele se indignou e não queria entrar; saindo, porém, o pai, procurava conciliá-lo. 29 Mas ele respondeu a seu pai: Há tantos anos que te sirvo sem jamais transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito sequer para alegrar-me com os meus amigos; 30 vindo, porém, esse teu filho, que desperdiçou os teus bens com meretrizes, tu mandaste matar para ele o novilho cevado. 31 Então, lhe respondeu o pai: Meu filho, tu sempre estás comigo; tudo o que é meu é teu. 32 Entretanto, era preciso que nos regozijássemos e nos alegrássemos, porque esse teu irmão estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado.
##########

Uma parábola de difícil interpretação, se quisermos detalhar demais.
O importante é examinar o CONTEXTO, PROPÓSITO e PRINCÍPIOS básicos envolvidos.

Tudo começou com v.1-2, quando os escribas e fariseus novamente criticaram Jesus por estar comendo com publicanos e pecadores (evidentemente judeus, como eles). Daí, Jesus disse 3 parábolas, as duas primeiras sobre a alegria no céu quando um pecador se arrepende (representado pela ovelha e dracma perdidas).

De saída, fica implícita uma lição aos fariseus: se há alegria no céu, eles também deveriam ficar alegres quando alguém se arrependesse.
Afinal, eles não eram tão entendidos nas coisas do céu? Só que eles faziam era reclamar!

Na 3a. parábola, a do filho pródigo, Jesus fala de maneira explícita aos escribas e fariseus, que penso serem representados pelo filho mais velho. Os publicanos e pecadores são representados pelo filho mais novo, o pródigo.
Importante: o FOCO da parábola é o que ocorreu entre os dois filhos e o pai, comparado com o relacionamento de judeus religiosos com Deus e de judeus rebeldes com Deus.
O fato da filiação dos filhos ao pai na parábola, não implica que pecadores e fariseus são filhos de Deus como pessoas salvas. Isso ensinaria salvação universal, que é contrário à Bíblia.
Acho que os dois filhos, no começa da parábola, retratam pessoas que precisavam de salvação. Um deles se converte. E se torna “filho do coração”. Fica a lição para o outro.

v.12-13
O filho mais novo quis liberdade e prazer. O pai era um OBSTÁCULO a isso. Pede a herança e parte para muito longe.
Um judeu rebelde via a Lei de Moisés  como um obstáculo para viver como queria. Melhor deixar tudo aquilo de lado e viver de maneira desregrada, sem freio, em pecado.

v.14-16
Conseqüência da rebeldia e dos pecados: SOFRIMENTO.
Na parábola, as cores são fortíssimas para um judeu, pois o porco era um animal repugnante e alfarroba era comida barata e ruim. Jesus retrata a situação da maneira mais miserável que podia.

v.17
Passo fundamental no processo de conversão de um pecador: ARREPENDIMENTO.
caindo em si
O rapaz fez um profundo exame de consciência, de modo humilde e sincero.

v.18-19
Agora a conversão se completa. ele DECIDE tomar uma atitude e voltar ao pai. Isso com profunda convicção de indignidade. Ele sabia que não merecia mais nada. Apenas ansiava em ser recebido e como servo e ficar na sua companhia e proteção.

A essa altura, os publicanos e pecadores, vendo a si mesmos na pele daquele homem, deviam estar tocados e perguntando: “Será que eu posso fazer isso também?”.
Uma pergunta devia estar martelando no jovem: “Como meu pai me receberá?”

v.20
... longe... avistou
Parece até que estava esperando! A cena que Jesus pinta é muito tocante:
compadecido: a primeira atitude foi de dentro do coração: COMPAIXÃO
Nada de raiva, desprezo, desgosto, decepção. Apenas compaixão.
correndo: não é normal de se ver, um homem de idade correndo! Mostra a ansiedade que o velho estava para encontrar o filho.
abraçou e beijou: carinho e apoio.
Que boas-vindas! Como o filho estava PRECISANDO daquilo!

v.21-23
pequei contra o céu e contra ti
Mais uma etapa na parábola que reflete a realidade de uma conversão: CONFISSÃO:
1) de pecado e 2) de que não merece nada.

pai disse aos servos
Note que o pai NÃO disse uma só palavra ao filho! Não quis perder um segundo com coisas do passado. Em vez de falar, resolveu agir.
E tomou providências imediatas para MOSTRAR ao filho que ele estava perdoado e plenamente restaurado em sua relação com o pai.
Detalhe: coloquem sandálias nos pés: escravo não usava sandália!

matem o novilho... regozijemo-nos
Tudo era festa. Alegria total! Por que? Simplesmente porque um filho voltou? Não, muito mais que isso.

morto e reviveu.. perdido... achado
Estava com a relação completamente cortada com o pai. Nem se considerava mais filho. Estava longe.

e começaram a regozijar-se
A intensa alegria naquela casa reflete a alegria no céu quando um pecador se arrepende (v.7,10)

Neste ponto, é bem possível que publicanos e pecadores estivessem vibrando com a possibilidade disso tudo acontecer com eles também.
Eles sempre ouviram que eram pessoas desprezíveis, indignas, gente de segunda categoria, porque não obedeciam à Lei de Moisés, não faziam sacrifícios, etc. Mas agora estavam ouvindo de Jesus que, caso se arrependessem e voltassem seus corações para Deus, Deus estava pronto para recebê-los:
* na mesma hora
* com muita compaixão
* com alegria
* apagando imediatamente todo o passado
* pela PAZ que colocaria no coração deles, disposto a mostrar o quanto eles estavam aceitos no reino dos céus.
Isso era FANTÁSTICO para eles ouvirem!

Mas a parábola ainda estava na metade. Onde os fariseus entravam?
v.25-28
no campo: certamente trabalhando
se indignou: em vez de se alegrar com a volta do irmão.
não queria entrar: não se sentia à vontade na própria casa porque havia festa pela chegada do irmão.

Agora Jesus começa a dar as primeiras pinceladas na pintura que ia fazer dos escribas e fariseus:
* Eram trabalhadores, estudam a Lei com afinco, cumpriam tudo com muito rigor, eram dispostos e não poupavam energia para realizar seu trabalho.
* Ficavam indignados quando Jesus fala em salvação de pecadores.
* Recusavam-se a aceitar a doutrina de Jesus e a considerar os pecadores como semelhantes a eles.

E a cena continua:
saindo o pai... conciliá-lo
O pai toma a iniciativa de ir lá fora, tentando acalmar-lhe e convencê-lo a entrar.

Observe que o pai mostra atenção e amor também a esse filho!

Nessa altura, os fariseus já deviam estar desconfiando que ELES eram aquele filho! Mas Jesus deixa claro que Deus estava igualmente pronto a aceitá-los e os convida a participar do Seu reino. (Na condição de um coração sincero e contrito).

Agora veja como aquele filho via o seu próprio relacionamento com o pai.
v.29-30
te sirvo: considerava-se um servo do pai e via o pai como patrão.
jamais transgredi ... ordem: coloca ênfase na obediência irrestrita, e não fala em amor, comunhão.
Por trás, a idéia de MERECIMENTO por trabalho, por obediência às ordens.
É como se o pai lhe devesse por isso, e agora ele podia cobrar - da maneira como o patrão deve ao empregado após um mês de trabalho.

nunca me deste
* Mostra forte ressentimento contra o pai
* Deu a entender que o pai era injusto, ou ingrato, ou avarento
* Mostra relacionamento pobre com o pai, pois parece que jamais havia pedido algo a ele

Com essas palavras, Jesus completa o quadro sobre os escribas e fariseus. Eram homens que viam a Deus como patrão e O serviam de maneira mecânica. E ainda ficavam cheios de ORGULHO por serem obedientes, e se sentido dignos e credores diante de Deus.
Aliás, encontramos uma oração típica dos fariseus em Lc 18.9-14: graças de tou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros...

Eram homens:
* que não se relacionavam corretamente com Deus, sem afinidade com Ele
* que cultivavam um religião de exterior, de aparências
* hipócritas, arrogantes
* destituídos de compaixão (irritavam-se quando Jesus curava alguém no sábado)

v.31-32
Resposta branda do pai e também cheia de amor.
tudo o que é meu é teu
Como se dissesse: “Se não tens aproveitado é porque não tens desenvolvido uma relação correta como filho. Está tudo aí. Agrada-te de mim, pede e eu te darei”.
Os fariseus tinham tudo: nasceram no povo escolhido de Deus, tinham nas mãos o VT, cheio de passagens ensinando como agradar a Deus. Mas não quiseram adotar os padrões de Deus. Escolheram sua própria maneira fria e teatral de praticar religião.
Bastava que quisessem agradar a Deus, conforme os princípios de humildade, quebrantamento, misericórdia - e Deus lhes daria tudo!

era preciso que nos regozijássemos...
Explica porque fez tudo aquilo com o outro filho e INSISTE em se mostrar muito alegre.

E qual foi finalmente a atitude do filho mais velho?
Certamente de propósito, Jesus deixou esta pergunta suspensa. Os fariseus que entendessem estar numa encruzilhada:
- ou “entravam em casa” e também se regozijavam , aproveitando para cultivar um relacionamento saudável com o pai (e o irmão)
- ou que permanecessem fora de casa, zangado, cada vez mais distante do pai.

O fato é que Jesus deixa claro que a festa por um arrependimento NÃO VAI ACABAR! A alegria vai continuar no céu, cada vez que um pecador se arrepender, seja um prostitua ou um fariseu.

A mensagem da parábola continua válida para hoje.

Você, que é pecador assumido, convença-se da sua indignidade, arrependa-se, mude de atitude, confesse a Deus, perca perdão e entre no gozo da sua salvação. Saiba que Deus muito se alegrará com isto.

Já você, religioso, que...
* se apegou a uma religião cristã
* se preocupa mais em obedecer rigorosamente aos preceitos dessa religião, do que em agradar ao Deus da Bíblia
* se orgulha da sua fidelidade a essa religião
* se revolta quando uma pessoa depravada, ou mau caráter, ou criminosa diz que se arrependeu e se converteu, e que tem certeza que irá para o céu
* se recusa a se humilhar a se arrepender
Você que é assim, cuidado! Você é tão pecador quanto o outro que vive do jeito que quer. Ambos precisam da mesma salvação de Senhor Jesus Cristo. Ambos darão motivo para uma verdadeira festa e alegria no céu, quando se converterem.
QUEM SERÁ O PRIMEIRO? 

Deus nos abençoe. Amém

Mauro Clark, 72 anos, pastor, pregador e conferencista, foi consagrado ao ministério em 1987. Iniciou em 2008 a Igreja Batista Luz do Mundo, que adota a posição Batista Regular. Mauro Clark é também escritor. Produziu artigos em jornal por dez anos e tem escrito vários livros de orientação e edificação cristã. Em 2004 instituiu o Ministério Falando de Cristo.
FalandodeCristo © 2004-2024
"... pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus."
1 Co 1.24b
close
Ministério Falando de Cristo © 2004-2024 - www.falandodecristo.com
"... pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus." 1 Co 1.24b