PREGAÇÃO

Convivendo com os diferentes 2/2

Rm 14.13-15.2      50 minutos      08/05/2005         

Mauro Clark


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3 quem come não despreze o que não come; e o que não come não julgue o que come, porque Deus o acolheu.

4 Quem és tu que julgas o servo alheio? Para o seu próprio senhor está em pé ou cai; mas estará em pé, porque o Senhor é poderoso para o suster.

5 Um faz diferença entre dia e dia; outro julga iguais todos os dias. Cada um tenha opinião bem definida em sua própria mente.

6 Quem distingue entre dia e dia para o Senhor o faz; e quem come para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e quem não come para o Senhor não come e dá graças a Deus.

7 Porque nenhum de nós vive para si mesmo, nem morre para si.

8 Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. Quer, pois, vivamos ou morramos, somos do Senhor.

9 Foi precisamente para esse fim que Cristo morreu e ressurgiu: para ser Senhor tanto de mortos como de vivos.

10 Tu, porém, por que julgas teu irmão? E tu, por que desprezas o teu? Pois todos compareceremos perante o tribunal de Deus.

11 Como está escrito: Por minha vida, diz o Senhor, diante de mim se dobrará todo joelho, e toda língua dará louvores a Deus.

12 Assim, pois, cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus.

13 Não nos julguemos mais uns aos outros; pelo contrário, tomai o propósito de não pordes tropeço ou escândalo ao vosso irmão.

14 Eu sei e estou persuadido, no Senhor Jesus, de que nenhuma coisa é de si mesma impura, salvo para aquele que assim a considera; para esse é impura.

15 Se, por causa de comida, o teu irmão se entristece, já não andas segundo o amor fraternal. Por causa da tua comida, não faças perecer aquele a favor de quem Cristo morreu.

16 Não seja, pois, vituperado o vosso bem.

17 Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo.

18 Aquele que deste modo serve a Cristo é agradável a Deus e aprovado pelos homens.

19 Assim, pois, seguimos as coisas da paz e também as da edificação de uns para com os outros.

20 Não destruas a obra de Deus por causa da comida. Todas as coisas, na verdade, são limpas, mas é mau para o homem o comer com escândalo.

21 É bom não comer carne, nem beber vinho, nem fazer qualquer outra coisa com que teu irmão venha a tropeçar ou se ofender ou se enfraquecer.

22 A fé que tens, tem-na para ti mesmo perante Deus. Bem-aventurado é aquele que não se condena naquilo que aprova.

23 Mas aquele que tem dúvidas é condenado se comer, porque o que faz não provém de fé; e tudo o que não provém de fé é pecado.

1 Ora, nós que somos fortes devemos suportar as debilidades dos fracos e não agradar-nos a nós mesmos.

2 Portanto, cada um de nós agrade ao próximo no que é bom para edificação.

 

Comentamos na mensagem passada que dois grandes erros costumam ocorrer nas igrejas, pelo simples fato de que a consciência de um não é exatamente igual à do outro.

1) O crente querer que os outros façam as coisas exatamente como ele. Se isso não ocorre, critica, julga, condena.

Na mensagem passada vimos como evitar esse erro.

 

Hoje veremos o segundo erro:

2) Embora sem criticar os que pensam de modo diferente, o crente faz o que acha certo, mesmo que isso choque outros.

 

Versículo 13:

Esse versículo serve como elemento de transição entre o trecho que vimos (versículos 1 a 12) e o que segue (do versículo 14 até o início do capítulo 15).

Apenas não julgar, é pouco. O discípulo de Cristo deve partir para uma outra atitude, essa muito mais ativa e nobre:

não pordes tropeço ou escândalo ao vosso irmão

tropeço: no grego, proskomma: um obstáculo no caminho.

escândalo: no grego, skandalon. Literalmente: armadilha. Em termos figurados, algo que leva o outro a tropeçar.

 

Ou seja, em vez de se limitar a não julgar o outro, o crente precisa se preocupar em não servir de tropeço ao outro.

Como? É o que os versículos seguintes vão mostrar.

 

Paulo imagina uma situação em que um irmão, tranqüilamente aprovado pela própria consciência, come ou bebe qualquer coisa.

Quanto a comida, no contexto da época, além do problema de carne sacrificada a ídolos, alguns crentes judeus se recusavam a comer o que era proibido pela Lei.

 

O tal irmão comia tudo. Até aí tudo bem, conforme os versículos 14 e 22:

Versículo 14: As coisas, em si mesmas, não são impuras. As coisas se tornam impuras pelo que elas representam ou podem fazer.

 

Uma garrafa de bebida alcóolica, por exemplo. Cachaça de botequim ou um caríssimo uísque escocês - tanto faz. É um líquido de bebida fermentada, que passou por certos processos químicos. Não há nada essencialmente impuro naquele líquido.

Só que ele, se ingerido, em quantidades variáveis para cada pessoa, provoca embriaguês, falta de reflexos, sem lucidez, abestalhada ou violenta, irresponsável.

Milhões de mortes, por assassinatos ou por acidentes já foram causadas pelo álcool.

O álcool pode causar no organismo uma dependência física, o alcoolismo.

E a conseqüência disso é milhões de famílias despedaçadas, casamentos acabados, filhos sofrendo.

Por causa disso tudo, alguém olha para uma bebida e diz: Isso é impuro para mim. Eu posso me embriagar, me viciar, é uma coisa perigosa, acho que estarei pecando se beber. Eu quero distancia dessa bebida.

 

Mas vem um outro e diz: Pois para mim não tem problema. Eu bebo há muito tempo, nunca me viciei, tomo pouco e sei quando parar.

Para esse a bebida alcoólica não é impura.

 

Versículo 22:

Se esse que não julga a bebida impura tem aprovação da própria fé, e ele não se condena na aprovação que faz da bebida para si, tudo bem.

Tudo bem até aqui.

Agora a coisa muda de figura.

Dentro da situação que Paulo imaginou, um irmão vê outro bebendo, ou comendo (carne sacrificada a ídolo), ou alimento que era proibido pela Lei de Moisés.

Dentro do nosso exemplo, tomando bebida alcoólica.

Só que, para esse, bebida alcoólica é impura, perigosa, traiçoeira.

 

Duas ou até quatro conseqüências podem ocorrer com esse irmão que rejeita a bebida:

a) se entristecer - versículo 15

b) tropeçar - versículo 21 (o mesmo verbo usado no versículo 13)

c) se ofender (em alguns manuscritos) - versículo 21

d) se enfraquecer (em alguns manuscritos) - versículo 21

 

E agora?

Talvez a primeira atitude do crente que bebe fosse: Lamento muito. Eu respeito a posição dele de não beber. Mas quero que ele respeite a minha, cada um fique na sua e eu vou continuar fazendo o que acho certo. Minha consciência está tranqüila.

 

- Não e não! - grita o apóstolo. Essa não é a atitude cristã.

 

Versículo 15-16

* Entristecer o outro é falta de amor.

* Fazer o outro tropeçar é falta de amor.

* Ofender o outro é falta de amor

* Enfraquecer o outro é falta de amor.

 

Já pensou se alguém ficasse viciado por que viu o irmão bebendo e foi experimentar?

O prejuízo que um causou no outro?

E isso não é válido apenas para o álcool, mas para uma infinidade de costumes e situações: fumo, música (um tipo de música aprovado para uma pessoa pode ser prejudicial para outra), filme (na freqüência, por exemplo, você consegue ser moderado, mas o outro pode se viciar).

 

Por causa da tua comida, não faças perecer aquele a favor de quem Cristo morreu.

perecer: no grego apollumi: palavra forte que pode significar desde arruinar, inutilizar até matar, destruir. O sentido aqui é arruinar, estragar. (Obviamente não tem o sentido de perdição eterna).

 

Se você causar algum estrago num irmão, estará mexendo com alguém especialíssimo, pelo qual Cristo morreu. Veja o que você vai fazer. Ainda mais por causa de comida (ou bebida, ou música, ou qualquer outra coisa).

 

Não seja pois vituperado o vosso bem

vituperado: blasphemeo: ser mal falado, injuriado, insultado.

A idéia é: Uma coisa que para você é boa e não tem problema, termina sendo mal comentado por causa do estrago que causou a outro.

 

Versículo 20-21

Quase uma conclusão do que dissera nos versículos 15-16: Por causa da sua insistência na prática de um certo costume, não prejudique a obra de Deus.

Praticamente repetindo o versículo 14, Paulo diz que as coisas em si são limpas, mas se o uso de algo que essencialmente pode ser limpo, vai causar escândalo, isso é mau.

E determina enfaticamente: não faça nada que de alguma forma prejudique seu irmão.

 

Versículos  22-23

Outra conclusão: se você se sente aprovado pela sua consciência em fazer algo, sem prejudicar nenhum irmão, faça. É uma bênção fazer coisas com a consciência tranqüila.

E vice versa: se tem dúvidas, não faça. A dúvida é indicação de ausência de fé.

E quando o crente agem sem fé em assuntos de consciência, está pecando.

 

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Antes de terminar, quero comentar três versículos que pulei na exposição.

 

Versículos 17-19

Quis deixar mais para o final expor o belíssimo motivo pelo qual Deus deseja esse padrão de comportamento que Paulo vem expondo.  

Ou seja, que paremos de julgar ou desprezar os outros que praticam coisas (não pecaminosas) diferentes de nós e que nos preocupemos em não escandalizar irmãos em coisas que pessoalmente aprovamos.

O motivo é: Deus quer que nos concentremos nas coisas espirituais.

É como se o próprio Deus dissesse a cada um de nós:

Deixe em segundo plano essas coisas de comida, bebida, de práticas e costumes. Dê alta prioridade às coisas do Espírito Santo. Viva de modo a produzir a justiça de Deus onde você anda - o que é razoável, justo, digno, reto.

Busque a paz no meio onde vive, especialmente entre nos irmãos. Uma paz que o mundo não conhece, só quem é de Cristo.

A alegria de coração não virá de um filme, de uma música, de um tipo de roupa, de um home theater de quinze canais. A alegria interior virá do Espírito Santo. É essa que você deveria desejar e buscar ardentemente, acima das outras.

Considere os outros. Pense no bem estar espiritual dos seus irmãos. Respeite os padrões, o jeito, a maneira de ver as coisas, as fraquezas dos outros.

 

Veja que maravilha de afirmação no versículo 18.

Quem age assim serve a Cristo, é agradável a Deus e aprovado pelos homens.

Vou repetir: não julgar, não desprezar, e não escandalizar os diferentes, respeitando-os e pensando no bem estar espiritual deles, isso é servir a Cristo, ser agradável a Deus e aprovado pelos homens.

Quem poderia desejar algo maior e melhor nesta vida?

 

E para quem age assim, as outras coisas vão automaticamente se encaixando nas práticas e costumes.

Estou em paz comigo mesmo? Sim. Ofende alguém? Não. Então faço.

Ofende alguém? Sim. Então não faço.

E, conforme o versículo 19, sente-se em paz por contribuir para a edificação de outros.

 

Termino com dois versículos que são uma espécie de resumo do que foi dito até aqui.

 

Versículos 1-2 do Capítulo 15

Se você é forte, tem convicções bem arraigadas, não está muito preocupado com detalhes e tem a consciência tranqüila e afinada com Deus, suporte as debilidades dos irmãos mais fracos, ou mais sensíveis.

 

Claro que aqui não é uma ordem absoluta: Você está proibido de fazer qualquer coisa que seja do seu próprio agrado. Nem tomar um sorvete.

A questão é: Se para agradar a si mesmo, você vai causar incômodo espiritual a alguém, então não faça.

Ao se refrear de fazer, você deixa de agradar a si mesmo, e agrada ao próximo. E como Deus gosta de quem se preocupa em agradar ao próximo!

 

Quando fala em agradar ao próximo, Paulo se lembra de Cristo, que fez exatamente isso.

Comentaremos na próxima mensagem.

 

3 observações práticas finais:

a) Falei em consumo de álcool, mas não deixei claro como a nossa igreja se posiciona sobre o assunto. Sem entrar em detalhes: o consumo de álcool (seja em que nível for) é algo que ofende a Igreja Batista Manancial como um todo, de modo que se espera do membro não praticar esse costume.

 

b) Ao dizer minha consciência está tranqüila, cheque se as coisas ao redor também estão tranqüilas. Se a sua consciência está tranqüila num determinado assunto, mas há irmãos descontentes ou chateados pelo seu comportamento, examine bem essa consciência. A consciência não deve ser uma deusa para nós. Ela pode nos enganar ou iludir - afinal ainda convivemos com o pecado, que pode contaminar a consciência.

Tenha muito cuidado na avaliação da sua consciência.

 

c) Não abuse dizendo estou escandalizado por qualquer coisa e por isso exige que o irmão pare de fazer isso ou aquilo porque você não gosta.

O que Romanos 14 diz não é que devemos satisfazer manha ou capricho dos outros.

Você está escandalizado mesmo? O que o outro está fazendo põe em risco o seu bem estar espiritual?

Se for o caso, converse com o irmão. Mas abusar desse direito bíblico, é errado e falta de amor com o irmão.

 

Que Deus nos abençoe.

 

- Amém -

 

Mauro Clark, 73 anos, pastor, pregador e conferencista, foi consagrado ao ministério em 1987. Iniciou em 2008 a Igreja Batista Luz do Mundo, que adota a posição Batista Regular. Mauro Clark é também escritor. Produziu artigos em jornal por dez anos e tem escrito vários livros de orientação e edificação cristã. Em 2004 instituiu o Ministério Falando de Cristo.
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