PREGAÇÃO

Elias e Eliseu - 2/2

2Rs 2.11-15      53 minutos      09/03/2008         

Mauro Clark


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Na pregação passada, vimos que Eliseu pediu para ter porção dobrada do espírito de Elias, que disse ser um pedido duro e não garantiu.

Se Elias o visse quando fosse tomado dele, é sinal de que Deus o havia atendido. Se não, é porque Deus não o atendera.

 

v.11: Um dos versículos mais fantásticos da Bíblia.

Acreditamos no que lemos porque cremos que é a Palavra de Deus.

Falei no domingo passado que Deus era poderoso para fazer o que bem entendesse e que não iria se limitar a agir dentro da nossa esfera de experiência.

 

Mas alguém poderia perguntar:

Tudo bem, Deus faz o que bem entende. Mas quem disse que isso o que lemos é de fato o que Ele fez?

Não dedicarei esta pregação para falar da inerrância da Bíblia.

Mas aproveito para enfatizar: o primeiro passo para alguém chegar à salvação é crer na Bíblia como está escrita.

É através da Bíblia que tomamos conhecimento da Criação, da queda, do pecado, do plano de salvação, de Cristo, da , enfim, de tudo o que se relaciona com o plano de salvação.

É fundamental crer que tudo que está escrito é verdade. Se há erro, quantos são? E onde estão? Fica tudo comprometido.

 

Se eu lhe oferecer uma bandeja de biscoitos deliciosos e disser que alguns estão envenenados, você comeria ao menos um?

 

Como confiar na Bíblia se ela estiver envenenada com erros e ensinos falsos?

Temos que crer em tudo. Inclusive que aquelele homem chamado Elias foi ao céu direto.

 

Agora pergunto: em que Elias foi ao céu? Num carro de fogo.

Errado! O carro de fogo puxado com cavalos de fogo serviu para separar os dois homens. Como se fosse isolar Elias para o que iria ocorrer.

 

Fogo: não literal, talvez excessivo brilho que lembrasse o fogo.

Então Elias subiu ao céu num redemoinho (coerente com o vs. 1)

redemoinho: no hebraico, literalmente, tempestade.

Tudo deve ter sido muito rápido, mas extremamente forte, imponente, apavorante.

Elias não passou pela experiência da morte. Na humanidade, apenas ele e Enoque.

 

Existe um ditado: há uma coisa certa no mundo: a morte.

Pois para esses dois homens, o ditado não se aplicou.

E também não funcionará para milhões de pessoas, que também não passarão pela morte, pois serão arrebatadas por Cristo, que os esperará nas nuvens: 1Ts 4.13-18

Desse modo, Enoque e Elias são tipos dos crentes do arrebatamento.

 

v.12: Ao ver o seu mestre subindo, Eliseu reage com um grito:

meu pai, meu pai, carros de Israel e seus cavaleiros

meu pai: referência respeitosa e carinhosa a Elias.

Comentou excitadíssimo que estava vendo os carros (num rompante patriótico, relacionou com Israel) e cavaleiros (o v.11 fala em cavalos de fogo).

É provável que Eliseu tivesse vendo anjos dirigindo os carros.

Todo o quadro sugere a própria presença de Deus, que veio buscar o Seu profeta.

Ver em Is 66.15 os três elementos: fogo, carros, redemoinho.

 

que Eliseu viu Elias subir, Deus atenderia o pedido da porção dobrada.

Podemos afirmar seguramente que Eliseu tinha porção dobrada do espírito de Elias.

 

Mas seria possível identificar em Eliseu alguma coisa em contraste com Elias, que indicasse a posse da porção dobrada? Penso que não.

Alguns apelam para o tempo de ministério bem maior de Eliseu - 50 anos, contra 25 de Elias).

Outros para o número de milagres, aproximadamente o dobro.

Pessoalmente não acho que um ministério longo seja indício de maior poder espiritual do que um ministério curto (basta ver o ministério de Jesus Cristo: 3,5 anos!)

Quanto a milagres, não acho que quantidade indique nível de poder.

Talvez a qualidade do milagre mostre o poder que Deus colocou à disposição de quem realizou.

Mesmo assim devemos ter cuidado: falta de milagre não indica falta de poder espiritual.

Basta lembrar João Batista com zero milagre!.

 

Não penso que a expressão porção dobrada do espírito de Elias deva ser explicada pelos tipos de milagres que Eliseu.

Especialmente porque ele não fez milagres mais grandiosos do que Elias. Ficaram no mesmo nível.

Portanto, deve haver algo mais. O que? Provavelmente força interna, coragem interior, resistência a tentações, algo íntimo, que Deus .

 

Nem imaginamos o que se passa no íntimo das pessoas.

Vemos dois crentes, ambos com vida correta.

que um pode ser altamente tentado e o outro não.

Nesse caso caso, o que está sendo tentado e consegue resistir, está sendo um gigante espiritual. O outro, não. Simplesmente está tranqüilo.

Pode está a explicação da porção dobrada do espírito de Elias em Eliseu.

Coincidência ou não, a Bíblia registra medo de Elias (talvez covardia) e crise depressiva profunda, querendo morrer. Quanto a Eliseu: nenhuma linha sobre baixa espiritual.

 

E Elias partiu para o céu. Agora Eliseu encontra-se , do outro lado do Jordão.

Primeira reação foi rasgar a suas vestes: tristeza, peso de ter assumido a posição profética principal em Israel.

Rasgar as vestes: expressava lamento ou preocupação quanto à reação de Deus.

 

Pena que não exista mais esse costume de rasgar as vestes. Aliás, não lamento mais porque seria muito caro.

Mas o gesto é forte, extravasa o sentimento, mesmo perante as pessoas.

Deveríamos ainda ter atitude parecida: deixar claro quando lamentamos uma situação, quando estamos preocupados com a atitude de Deus numa situação que O desagrada; quando estamos tristes por alguma coisa na igreja.

Serve de alerta, para despertar a consciência dos outros que não estão vendo.

Mas nada disso terá sentido se for apenas teatral, externo, sem uma correspondência de rasgar as vestes  também diante de Deus.

 

v.13: Eliseu olha para o lado e percebe que Elias lhe deixara uma lembrança: seu manto.

Altamente significativo: foi aquele manto que Elias jogou são ele quando o convocou. (1Re 19.19-21)

Foi aquele manto que Elias usou para tocar no rio e abri-lo em duas partes.

Aquele manto simbolizava o próprio ministério de Elias, que agora passava para Eliseu.

Eliseu apanha o manto e volta pelo mesmo caminho.

Problema: o rio Jordão voltara a correr como antes.

 

Situação interessante: Eliseu devia estar ansioso por uma demonstração prática de que o poder de Elias estava sobre ele.

Seria uma maneira de ganhar ânimo, moral. Estava tristíssimo com a partida de Elias.

E ainda havia os 50 discípulos dos profetas do outro lado do rio, observando tudo! Deviam estar curiosos para ver como Eliseu cruzaria o rio.

O que Eliseu fizesse definiria para eles o status dele, como profeta.

Se imitasse Elias, era o sucessor dele. Se não, seria um profeta como outro qualquer.

 

v.14: Eliseu resolveu ousar. Bateu no rio com o manto de Elias e clamou:

Onde está o Senhor, Deus de Elias?

Ou seja: Senhor, prova-me agora que tu estás comigo tanto quanto esteve com Elias.

Observe que Elias é citado apenas como um servo daquele Deus tão poderoso. Nenhum crédito é atribuido a ele, mas ao Deus dele.

Deus é quem fez todos os milagres de Elias, inclusive o último, de abrir o rio.

Eliseu mostra plena consciência que esse mesmo Deus é quem iria continuar com ele.

 

Temos tendência de idolatrar irmãos que se destacaram no trabalho de Deus (Paulo, George Whitefield, George Muller, Jonathan Edwards, Spurgeon, C.S.Lewis).

Foram crentes valiosíssimos, mas somente porque Deus os fez assim.

Deus merece todo o crédito pelo que eles foram. E eles sabiam disso e diziam isso.

Cuidado com o culto à personalidade de crentes vivos hoje.

 

E Deus honra a súplica de Elias: faz o mesmo estupendo milagre e o rio se abre.

Lembra que perguntei na pregação passada sobre a utilidade do milagre de Elias?

Pois aqui está mais uma sugestão: permitir a Eliseu fazer o mesmo milagre e assim autenticar o ministério dele perante os 50 profetas.

Isso é que é um começo de ministério!

 

v.15

Os discípulos dos profetas viram tudo e reconheceram de imediato que o mesmo milagre era uma demonstração que o espírito de Elias estava sobre Eliseu.

E prostraram-se diante dele: não adorando, mas atitude de respeito, de reconhecimento de que ali estava o herdeiro do ministério de Elias.

 

Veja como Deus compensou a perda de Eliseu com o gozo de fazer milagre tão grande.

 

Deus permite grandes tristezas e provações. Mas Ele sabe perfeitamente compensar essas coisas com outras maravilhosas.

Essas compensações não são visíveis aos outros. Mas dentro do coração a pessoa sente e sabe que está sendo recompensada e animada.

Como é grande, como é misericordioso esse Deus de Elias, de Eliseu. O Deus nosso!

 

- Amém -

 

Mauro Clark, 73 anos, pastor, pregador e conferencista, foi consagrado ao ministério em 1987. Iniciou em 2008 a Igreja Batista Luz do Mundo, que adota a posição Batista Regular. Mauro Clark é também escritor. Produziu artigos em jornal por dez anos e tem escrito vários livros de orientação e edificação cristã. Em 2004 instituiu o Ministério Falando de Cristo.
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