PREGAÇÃO

Pratiquemos boas obras

Tg 2.14-26      53 minutos      16/08/2009         

Mauro Clark


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Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã estiverem carecidos de roupa e necessitados do alimento cotidiano, e qualquer dentre vós lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos, sem, contudo, lhes dar o necessário para o corpo, qual é o proveito disso? Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta. Mas alguém dirá: Tu tens fé, e eu tenho obras; mostra-me essa tua fé sem as obras, e eu, com as obras, te mostrarei a minha fé.  Crês, tu, que Deus é um só? Fazes bem. Até os demônios crêem e tremem. Queres, pois, ficar certo, ó homem insensato, de que a fé sem as obras é inoperante? Não foi por obras que Abraão, o nosso pai, foi justificado, quando ofereceu sobre o altar o próprio filho, Isaque? Vês como a fé operava juntamente com as suas obras; com efeito, foi pelas obras que a fé se consumou, e se cumpriu a Escritura, a qual diz: Ora, Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça; e: Foi chamado amigo de Deus. Verificais que uma pessoa é justificada por obras e não por fé somente. De igual modo, não foi também justificada por obras a meretriz Raabe, quando acolheu os emissários e os fez partir por outro caminho? Porque, assim como o corpo sem espírito é morto, assim também a fé sem obras é morta.
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Uma área de fraqueza dos batistas regulares e outras denominações é a pouca ênfase numa vida de compaixão, de disposição de ajudar, em suma, de boas obras.
Nós, pregadores, caprichamos no ensino do pecado, da necessidade de arrependimento e da salvação pela fé em Cristo e não por obras. Nada errado nisso, é claro.
Mas precisamos ter cuidado para que a conotação negativa colocada sobre as obras quanto à salvação, não diminua demais o valor das boas obras na vida do crente.

Um efeito NOCIVO disso é que o ouvinte se sinta ALIVIADO, acalmando a sua consciência por não fazer, ou quase não fazer boas obras.
Quanto a mim, fico atento para que minhas pregações não causem esse tipo de alívio.
E hoje vou enfatizar a importância das boas obras no processo de salvação do crente, no aspecto largo, processo esse que inclui a fase pós-regeneração.

Muitos acham o nosso trecho difícil, talvez até meio fora de tom com o ensino paulino de salvação pela fé. Pessoalmente não vejo confronto nenhum entre Paulo e Tiago.
Não tratarei esse trecho hoje da maneira costumeira, versículo a versículo. Mas de maneira mais panorâmica.

Tiago explica que há dois tipos de fé: FÉ MORTA e FÉ VIVA:

FÉ MORTA:
Uma crença a nível intelectual.
Alguém lê sobre as Escrituras, conversa, medita e termina acreditando.
Trata-se de um estado de aceitação mental, quase histórica, das verdades bíblicas.
É como alguém acreditar piamente que de fato foi Cabral que descobriu o Brasil.
Mas é uma fé que não regenera, que não muda a natureza da pessoa.
Não causa ARREPENDIMENTO e vontade de se entregar a Deus. Esta é uma fé morta.

E o próprio Tiago, inspirado pelo Espírito Santo, cita dois exemplos de fé morta:

1) v.19: Crer que Deus é um só não indica uma fé salvadora, pode ser uma fé morta.
E deu um exemplo radical: até o Diabo tem esse tipo de !
2) v.15-16: Alguém que tem apenas palavras, sem amor prático.

FÉ VIVA:
Uma fé dada diretamente por Deus.
A pessoa também usa o seu raciocínio – e como usa!
Pensa, medita, questiona, chega a conclusões – nada disso deixa de acontecer.
Só que essas verdades que enxergou não foram apenas cridas pelo seu próprio raciocínio, mas aceitas pelo seu espírito. Uma capacitação dada por Deus.
A fé viva ultrapassa o somente acreditar. Ela constrange, provoca arrependimento, impulsiona a entrega a Cristo como Salvador.
A fé viva muda a inclinação natural de só fazer o mal e gera uma natureza que deseja ardentemente fazer o bem.
A fé viva gera propósitos santos (puros e separados do mal).

Quem tem fé morta, ouviu falar em Deus e talvez até tenha acreditado nEle.
Quem tem fé viva CONHECE a Deus!

Quem tem fé viva precisa mostrar ao mundo essa fé.
Mas como? Dizendo: “Olhem e vejam a minha fé!”? Claro que não, fé é invisível.
Em vez de mostrar fé (que é invisível), precisa mostrar algo que seja visível e diretamente PRODUZIDO pela fé. É exatamente aí onde entram as BOAS OBRAS.

Você não vê a energia, mas pode afirmar que ela está chegando até um ventilador ligado.
Pelas obras, o crente mostra a fé que Deus lhe deu.
Daí a SUPREMA IMPORTÂNCIA das boas obras: por elas, você mostra ao mundo o PODER de Deus.

Se Deus se utiliza até de coisas inanimadas da Natureza, para mostrar a Sua glória (Sl 19.1), qQuanto mais de pessoas criadas à Sua imagem para mostrar a Sua glória!
Bem poderíamos dizer de irmãos em Cristo: “O fulano e o sicrano proclamam a glória de Deus e o beltrano anuncia as obras das Suas mãos.”

Voltemos ao texto:
Tiago faz afirmação ousada, dizendo que dois personagens bíblicos foram justificados por obras: Abraão e a prostituta Raabe.
Mas ele mesmo explica nos v.22-24: as obras (visíveis) são geradas pela fé (invisível) e servem exatamente para EVIDENCIAR essa fé. Obras nunca estão só. 

Abraão: a absoluta OBEDIÊNCIA a Deus na disposição de matar o filho Isaque (obras) mostrou a fé que ele tinha em Deus.

Raabe: Demonstrou fé através da proteção aos emissários de Josué.
O carinho com que ela os tratou, EVIDENCIOU o grande zelo causa de Deus, zelo esse que evidenciou a fé em Deus.

Nunca esqueça: as obras SEMPRE seguem a fé. – v. 18

Espero que muitos de vocês já estejam ansiosos para sair daqui e praticar boas obras. 
Para não ficar meio vago o que exatamente seriam essas “boas obras”, lerei algumas passagens mostrando grupos de pessoas que carecem mais da nossa atenção, nosso carinho, nosso amor.

Órfãos e viúvas: Tg 1.27: “visitar” é tradução pobre. No grego é episkeptomai =episkeptomai: Strong: “cuidar ou preocupar-se; inspecionar, examinar com os olhos a fim de ver como ele está, i.e. visitar, ir ver alguém; tomar em consideração a fim de ajudar ou beneficiar” (NIV: cuidar)

Pobres: Sl 112.9; Lc 3.10-11

Doentes: Tg 5.14-15;
Mt 4.23-24
(observem: não apenas doenças físicas, mas mentais e até espirituais). Se não podemos curá-los hoje, como Jesus fez na época, pelo menos ajudemos.

Presos: Mt 25.31-36

Visitantes na cidade sem ter onde ficar: Rm 12.13; Hb 13.2

Essas são apenas algumas entre dezenas de exortações à caridade, à filantropia.
De maneira geral, são atitudes pessoais: você e outro indivíduo.
Mas pode ser coletivo: muitos ajudando muitos - hoje chamaríamos de obras sociais.
A prática de obras sociais é bem mais complexa do que boas obras individuais.
O problema é que, quando pensa em boas obras, o crente pensa em obras sociais e como é mais complicado, termina não fazendo nada.
Mas a ÊNFASE na Bíblia é boas obras pessoa a pessoa.
E aí não tem desculpa para você adiar por 24 horas a SUA prática de caridade a pessoas que cruzam o seu caminho ou mesmo que você vá ao encontro delas.

O crente muitas vezes falha em ser TEÓRICO demais sem ser PRÁTICO; em ser ESPIRITUAL demais sem ser HUMANO.
Querer ser altamente ligado a Deus, sem ser profundamente comprometido com o amor e a compaixão ao próximo é querer dar um pulo por cima das boas obras. É querer fazer um atalho que não existe!
Um automóvel jamais atingirá 100 km/h sem passar pelos 20 km/h.

Ninguém sobe a um alto nível espiritual sem subir cada degrau do amor ao próximo, das boas obras.
Ninguém tem a companhia íntima de Deus sem antes ter a companhia de pessoas necessitadas.

Sejamos mais fieis em nossas obras de caridade, de compaixão, de amor ao próximo.
Primariamente e imediatamente em termos pessoais.
E quando chegar o momento, em termos coletivos, através de assistência social.

Vamos continuar nos orgulhando da boa doutrina que temos, mas nunca ao ponto de a considerarmos tão boa que dispensa boas obras. Aliás, isso seria péssima doutrina!

O mesmo Jesus, assim como os escritores bíblicos, que nos ensinaram doutrina, também nos mandaram ter compaixão e ajudar os nossos “irmãos de carne”, no sentido de seres humanos.

Que Deus nos abençoe.

Amém

Mauro Clark, 73 anos, pastor, pregador e conferencista, foi consagrado ao ministério em 1987. Iniciou em 2008 a Igreja Batista Luz do Mundo, que adota a posição Batista Regular. Mauro Clark é também escritor. Produziu artigos em jornal por dez anos e tem escrito vários livros de orientação e edificação cristã. Em 2004 instituiu o Ministério Falando de Cristo.
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