O pavor do comandante de um navio é navegar em águas rasas. Quando as águas são profundas, a travessia é tranqüila.
Pois a intimidade dá profundidade nas águas em que navega o casamento.
Antes de tudo, lembro que todo casal deve ter como MODELO a relação Cristo x Igreja. Pois nessa união o ideal é que haja grande intimidade:
Da parte dEle, isso é certo: Ap 2.23; Jo 10.14; 15.13-15
Da nossa parte, é dever nosso cultivar essa intimidade com Ele: Ef 3.17-19
E Ele explicitamente diz que deseja isso: Jo 17.24-26
Voltando ao casamento.
Primeiro, vejamos o que intimidade no casamento NÃO É:
* Capacidade de dialogar. O casal pode dialogar horas sobre problemas da família, diferença na educação dos filhos, mas sem intimidade. Quase como negócio de família.
* Ter relacionamento sexual ativo. Isso pode ocorrer sem intimidade alguma. Aliás, uma relação sexual pode ocorrer em clima até desagradável.
* Tempo junto um do outro. Podem ficar horas em silêncio (sem falar em horas brigando)!
Claro que esses 3 elementos são importantíssimos dentro de um casamento, desde que bem desenvolvidos. E todos juntos, somados à intimidade e talvez mais alguns outros, fazem o casamento ideal.
O que é INTIMIDADE ENTRE UM CASAL? Liberdade para falar de coisas íntimas, para derramar o coração perante o outro de maneira confortável.
Temos níveis de confidência ao revelar coisas pessoais.
Há coisas que não exigem intimidade para revelar, como uma dor de dente (podemos até dizer para um amigo, dentro de um elevador, os outros ouvindo).
Indo para outro extremo, há coisas tão íntimas que só revelamos a Deus. A ninguém mais no mundo, nem ao cônjuge.
Entre um extremo e outro, há uma infinidade de variações de sentimentos. Para um conhecido, vai até um ponto. Para um amigo, mais. Para um amigo íntimo, ainda mais. Pois bem, o ideal é que a pessoa que você mais tem intimidade, seja o seu cônjuge.
Se você tem intimidade com alguém para contar coisas pessoais mais do que sua esposa/marido, algo está errado. Ninguém mais no mundo é uma carne com você.
E talvez o problema nem seja que você está sendo íntimo demais com o amigo. Mas íntimo de menos com o cônjuge. E isso precisa ser corrigido.
A cada um dos cônjuges compete pelo menos 2 coisas:
1. Dispor-se a abrir o íntimo
Experimente dizer algo bem pessoal que nunca ou raramente falou antes. Se acha difícil começar falando, que tal um bilhete?
2. Tornar-se merecedor de que o outro se abra para você
Para muitos, não é fácil abrir o íntimo. Há resistência natural. Pessoa só vai vencer essa barreira se achar que vale a pena, que vai ser positivo para ela.
Para isso, é necessário que o cônjuge saiba como lançar mão do que ouviu do outro.
Ex.: Um dia a esposa diz que tem medo do escuro. Depois numa briga, ele lhe lança no rosto: Você é uma medrosa!
Contraste: falta luz de noite, e o marido se achega dizendo: Vim proteger meu tesouro!
É fácil observar que intimidade é via de duas mãos.
Não adianta apenas um dizer “De hoje em diante serei íntimo da minha mulher” ou “Farei com que nós dois tenhamos intimidade”.Tem de ser um trabalho dos dois. Um deles pode até tomar a iniciativa e incentivar o mais acomodado, ou o mais míope em enxergar a importância dessas coisas. Mas no final das contas, a intimidade tem de ser desenvolvida a dois.
Antes de encerrar, alguns pontos que ajudam a criar o clima de intimidade:
* Costume de diálogar
Mesmo que o diálogo se inicie com assunto banal.
Comigo e Sandra, é comum conversas ocasionais desaguarem em assuntos importantes.
* Dedicar tempo em companhia um do outro
Marido e mulher nunca “gastam” tempo juntos, investem!
* Perguntar as coisas do outro (os caladões responderão na base do saca-rolhas)
Às vezes achamos alguem simpático apenas porque perguntou sobre nós. E vice-versa!
* Respeito profundo pelo outro (senão nenhum falará das próprias esquisitices)
A intimidade gera tal solidez, tranqüilidade no casamento, que o casal fica pronto para enfrentar e resolver quase qualquer problema. O relacionamento fica fortíssimo.
Que Deus nos ajude a cultivar melhor a intimidade nos nossos casamentos. Amém.