Ler 1Pe 2.1-2
Não estou repetindo, por engano, a pregação passada, “Que alimento delicioso!”.
O propósito desta mensagem não é aprofundar no texto em si, como aquela, mas desenvolver o TEMA do crescimento espiritual, partindo do v.2. É uma pregação temática.
Antes, uma ligeiro resumo do v.2:
Pedro mandou que os leitores deixassem para trás as coisas do velho homem (maldade, dolo, hipocrisias, etc) e, ao mesmo tempo, desejassem o genuíno leite espiritual. Vimos que:
1) Esse leite espiritual é o aprendizado da Palavra de Deus e, em última análise, uma familiarização com o próprio Deus.
2) O desejo do crente por isso deve ser tão ardente quanto um bebê que chora pelo leite.
3) Esse leite lhes daria crescimento para salvação
Um dos aspectos gostosos da salvação é que ela sempre pode (e deve) ser desenvolvida e aperfeiçoada em nós. É a SANTIFICAÇÃO.
Várias passagens da Bíblia nos exortam a entrarmos nessa ESPIRAL CRESCENTE, com toda uma vida de crescimento espiritual pela frente.
Conforme expliquei na pregação passada, Pedro usa a expressão crescimento para salvação, de maneira abrangente, no sentido de um aperfeiçoamento geral das características de um salvo. Mas a vida espiritual é bastante complexa e inclui muitas áreas.
Poderíamos perguntar: “Esse crescimento para salvação implica exatamente EM QUE?”
Daria para detalhar mais esse assunto? Sim, a Bíblia trata de crescimento de áreas bem específicas da vida cristã.
Veremos QUATRO dessas áreas, visando lhe ajudar a avaliar o seu próprio crescimento.
1) Crescendo no PLENO CONHECIMENTO DE DEUS - Cl 1.9-10
Pergunta: Podemos dizer que hoje o irmão A conhece o irmão B melhor do que um ano atrás, pelo simples fato de estarem participando de uma mesma igreja? Não! Não é dizendo “Bom dia” e “Oi, tudo bem?”, que conhecemos alguém melhor.
Conhecimento implica entrosamento, conversa, troca de idéias, exposição mútua dos pensamentos, maneiras de pensar, etc.
Pois jamais cresceremos no conhecimento de Deus se não O buscarmos pessoalmente! Esta é uma tecla que continuarei batendo insistentemente enquanto ocupar um púlpito. A prática cristã não pode se limitar a FAZERMOS COISAS que Deus manda ou gosta.
Na base, é preciso desenvolver um relacionamento pessoal com Ele!
Você pode vir todos os cultos e programas da igreja e ainda ficar no mesmo nível de conhecimento de Deus. Ou até DIMINUIR!
Uma vida cristã digna do Senhor, a capacidade de agradá-Lo e a produtividade no trabalho de Deus, tudo está diretamente condicionado ao conhecimento do próprio Deus! E para isso é preciso transbordar do conhecimento da vontade de Deus (ou seja, no conhecimento das Escrituras) e adquirir sabedoria e entendimento espiritual.
* Você está mais íntimo de Deus do que um ano atrás?
* Tem mais vontade de estar A SÓS com Ele?
* Tem visto a Deus mais como um Pai bondoso do que um Deus meio carrancudo, pronto para punir?
* Sente que Ele é um refúgio REAL em suas aflições?
2) Crescendo em AÇÕES DE GRAÇA - Cl 2.7
Faz parte do crente maduro e sólido, ser cada vez mais GRATO a Deus (1Ts 5.18)
Davi: é impressionante como ele CREDITAVA A DEUS coisas que ocorriam com ele. Em tudo ele via a mão de Deus.
Não é suficiente reconhecer que Deus está no controle e nada ocorre sem a vontade dEle. Pode acontecer de ser um reconhecimento amargo.
Eu reconheço, por exemplo, que o meu colega de trabalho falou mal de mim para o chefe e por isso fui demitido. Reconheço e fico muito aborrecido.
Por outro lado, se o meu colega falou bem de mim e fui promovido, não apenas reconheço, mas sinto-me profundamente agradecido.
Pois com Deus, é para existir apenas o segundo caso. Ou seja, reconhecer que Ele é sempre benigno. Mesmo que permita e determine sofrimento para nós. E se reconhecemos que é benigno, então naturalmente seremos grato.
Reconheço que, quando sofremos, esse reconhecimento é mais recurso de fé do que percepção clara de onde está o bem. Mas, lembre-se, quanto mais fé, mais Deus se agrada!
- Você tem sido grato a Deus?
- Claro, pastor! Isso nem deveria ser perguntado.
- Ótimo. E você agradeceu EXPLICITAMENTE pela dengue? Pela demissão injusta? Pela partida do seu parente querido? Pela doença do filho?
Mas você não teve dengue, não foi demitido, não perdeu parente e nem tem filho doente.
Pois pense em algo que lhe fez SOFRER nos últimos meses: agradeceu a Deus por isso?
Se não, nunca é tarde para começar. Dê graças a Deus não apenas pelo agradável, mas também pelo que você sofre HOJE!
3) Crescendo na FÉ - 2Ts 1.3a
O que seria “crescer na fé”?
Levar tão a sério a Palavra e a vontade de Deus, que passa a ver mais o lado espiritual das coisas e menos o lado terreno.
* Aceitar cada vez mais facilmente coisas que Deus diz e nós não compreendemos.
* Olhar para o futuro, (arrebatamento, etc) e achar tão natural como o próximo culto.
* Ver um pecador endurecido e não achar difícil imaginá-lo crente, se Deus quiser.
* Receber uma má notícia e, embora sofrendo, conformar-se rapidamente de que não poderia ter sido de outra maneira.
Você tem crescido na fé? Não estou perguntando se você acredita mais em Deus agora do que há dez meses. Mas se aumentou na capacidade de ver as coisas por dentro, pelos padrões de Deus.
- Mas, como vou saber?
Pequeno teste:
* Anda mais conformado com os revezes e planos não cumpridos?
* Angustia-se menos com os problemas?
* Alegra-se com coisas espirituais (conversão de pessoas, leitura de um bom livro)?
Agora um “segredo”: com 35 anos de convertido, muito estudo da Bíblia, muitas pregações feitas, vou dar uma dica valiosa, para quem deseja aumentar na fé. Um método meio complicado, difícil de descobrir, mas eficiente. Na realidade, estou sendo um pouco irônico, pois o método não é nada de complexo e complicado. É tão simples que é desconcertante: pedir a Cristo! Lc 17.5
4) Crescendo no AMOR - 2Ts 1.3b-4
Sabemos que o principal componente do amor cristão é a decisão de querer o bem do outro e se esforçar para isso.
Um medidor de amor ligado ao seu coração, indicaria um grau maior ou menor do que um anos atrás?
- Ah, não sei, esse medidor é teórico, não existe.
Existe, sim! É só ler 1Co 13.4-7 e fazer umas perguntinhas para si mesmo:
* Tenho me ENVOLVIDO e me INTERESSADO mais nos problemas do meu próximo?
* Tenho me surpreendido ORANDO pelo irmão tal, a irmã tal?
* Tenho deixado por menos MÁGOAS e OFENSAS?
* Tenho sido menos RIGOROSO com os irmãos e mas COMPREENSIVO?
* Tenho sido mais PACIENTE com os erros dos outros?
* Tenho me GABADO menos dos meus “grandes” feitos?
* Tenho me tornado menos CIUMENTO, não apenas do cônjuge, mas de amigos?
* Tenho sofrido certos PREJUÍZOS para não machucar um irmão?
* Tenho buscado menos avidamente os meus interesses e direitos?
É difícil que a sua resposta seja SIM a todas. Se for, ótimo, você tem crescido no amor.
Se é NÃO a todas, algo está muito errado com a sua vida cristã. Tome providências.
O mais provável é uma mistura de SIM e NÃO. Pois leve a sério aumentar os SIM.
Antes de terminar, quero responder uma pergunta, de modo bem resumido: Em termos COLETIVOS, qual o LIMITE e quais as CONSEQUÊNCIAS de nós, COMO IGREJA, crescermos em Cristo?
Resposta: Ef 4.11-16
Limite: atingir a medida da estatura da plenitude de Cristo. Ou seja, sermos iguais a Ele. Embora esse limite não seja alcançável na Terra, temos de buscá-lo como se fosse.
Conseqüências:
1) Firmeza doutrinaria
2) Unidade do corpo
3) Tornar-se uma igreja onde todos amam uns aos outros
Termino com duas observações:
1) Ótimo, se você se sente crescendo. Mas é preciso que os outros notem! 1Tm 4.15
2) Ótimo, se você decidiu crescer: “Vou orar mais, ler mais, estudar, vou isso e aquilo”.
Mas nunca esqueça que o poder para crescer vem de Deus: 1Ts 3.12
Que o Senhor nos ajude nessa árdua, mas bendita, caminhada de crescimento!
Amém