PREGAÇÃO

JOVENS: Uma mocinha de 15 anos: que exemplo!

Lc 1.26-38      minutos      28/09/2019         

Mauro Clark


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Uma humilde jovem nazarena recebe a visita inesperada e estranha do poderoso Gabril, anjo altamente destacado na hierarquia angelical, que assiste diante de Deus.

Entrou porta adentro e anunciou:

Alegra-te muito, favorecida, o Senhor é contigo

Era Maria, noiva de um homem chamado José, carpinteiro.

Na época, o noivado durava em torno de um ano.

As moças se casavam tão logo estivessem em condições físicas de reproduzirem, que ocorria em torno de treze anos. Consideremos que Maria tivesse 15 anos. 

... favorecida: gr.:  χαριτοω charitoo: agraciada ou objeto da graça, favorecida.

O Deus supremo, do alto da sua majestade e soberania, havia decidido agraciar aquela simples moça de Nazaré de alguma maneira. Mas... como? 

Antes disso, veja a primeira palavra do anjo dizendo como deveria reagir:

Alegra-te!

Ah, então deveria ser algo gostoso, agradável, “maneiro”. Certo? Não obrigatoriamente.

O motivo da alegria era por ter sido alvo da graça de Deus, a honra de ter sido escolhida por Deus para uma missão, não o fato da missão, em si, ser agradável. 

Lição: Qualquer missão que Deus nos dê, é motivo de alegria, de honra, independente da natureza dessa missão. Nem que seja morrer como mártir!

E no caso de Maria, a missão foi fácil e agradável? Veremos. 

O Senhor é contigo

Aqui parece uma outra forma de dizer que Maria era favorecida.

Mas é mais que isso, é quase uma consequência, por dá ideia de que Deus permaneceria com ela, a protegeria.

O Senhor a havia escolhido para algo muito especial e se encarregaria pessoalmente de providenciar tudo. 

Ela, porém, ao ouvir esta palavra, perturbou-se muito

pertubar-se: gr: ficar muito agitado, profundamente preocupado.

Embora agradáveis, as palavras eram muito misteriosas

O que significava tudo aquilo? Um turbilhão de pensamentos assaltou a sua mente, à procura de uma explicação.

Numa reação compreensível, típica do ser humano, Maria fica confusa e atemorizada. 

Não é errado o crente ficar confuso, temeroso, sem rumo em certas circunstâncias.

O importante é o que fazer em situações assim. Como sair desse estado. 

E, Maria, o que fez?

... e pôs-se a PENSAR no que significaria esta saudação.

Ela pensa! Mas, falou o que? Pelo menos até aquele ponto, nada! 

Lição: Há momentos em que o comentário mais sábio é o ... silêncio!

Muita coisa se transmite com o olhar, com o semblante!

E mesmo com Deus, em oração, quando não souber o que dizer, não diga nada!

Oração sem conteúdo de palavra, apenas com o silencia, também é oração!

Gabriel a acalma com um autoritário e tranquilo “não temas”.d

E complementa, quase repete, o que já havia dito:

... porque achaste graça diante de Deus

No AT, só Noé e Moisés ouviram que encontraram graça diante de Deus.Que companhia! 

Mas qual o motivo por trás da concessão de tamanha graça?

Deus devia a ela alguma coisa? O benefício que estava prestes a receber, seria uma espécie de pagamento por algo que ela havia feito?

Ou uma recompensa por algum tipo de comportamento? 

Não. Tudo estava sendo dado exclusivamente pela soberana decisão de Deus.

Em termos bem resumidos, graça significa “favor imerecido”.

Na realidade, todos os seres humanos são imerecidos, são de uma raça decaída.

Deus não escolheu os grandes personagens da Bíblia porque eram pessoas especiais.  Elas se tornaram especiais porque foram escolhidas por Deus para papéis destacados.

Maria era favorecida do alto, pois estava para ganhar um presente especialíssimo.

Mas tudo estava acontecendo por exclusiva iniciativa e vontade do próprio Deus. 

Gabriel entra nos detalhes:

Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem chamarás pelo nome de Jesus

Vem do hebráico Joshua, ou Jeshua:  “Jeová salva” ou “Jeová, o Salvador”. Sugestivo! 

Maria teria um filho. O problema é que a alegre perspectiva de ser mãe, ficava, para Maria, gravemente ofuscada por uma condição dela: era virgem.

Um esclarecimento da parte do anjo tornava-se altamente necessário e ficava pendente.

Mas o comunicado angelical apenas começara. Gabriel continua: 

v. 32-33: ler

Informações mais profundas do que qualquer ser humano possa alcançar.

O filho a nascer seria rei! Será que ela ouvira bem?

Teria sentido a ousadia de pensar que esse filho anunciado seria… o próprio Messias???

E mais: o reinado dele não teria fim. Um rei eterno? Como pode?

E mais ainda: ele seria chamado de Filho do Altíssimo. Haveria algo de divino nele? 

v.34: Deixando para refletir depois na grandeza dessas revelações, Maria demonstra espírito prático e objetivo, pedindo esclarecimento sobre a questão crucial de ser virgem. 

v. 35: Respondeu-lhe... será chamado Filho de Deus

O filho seria gerado por intervenção do Espírito Santo, que desceria sobre ela.

Não haveria participação masculina. O nome do seu noivo, José, não fora sequer mencionado. O menino seria um ente santo, chamado também de Filho de Deus. Que informações, que perspectivas! 

Gabriel acrescenta que Isabel, uma senhora idosa e sem filhos, parenta de Maria, também concebera um filho. Detalhe: era estéril! Pelo menos, “diziam ser estéril”.

E conclui: Porque para Deus não haverá impossíveis em todas as suas promessas

E isso era tudo! 

E Maria, - o que deveria dizer?

Embora sentindo-se honrada, sabia estar em apuros dos grandes.

O noivado daquela época era um compromisso muito sério, bem mais do que o costume de hoje, no mundo ocidental. Os noivos eram chamados de desposados, a noiva era considerada mulher do noivo e se um dos dois se envolvesse sexualmente com um terceiro, seria considerado adúltero, tal e qual alguém casado. A punição para adultério, conforme prescrevia a lei de Moisés, era apedrejamento.

E mesmo que na época não chegassem a tanto, a vergonha na família e na sociedade seria terrível - uma mancha difícil, senão impossível de apagar. 

“A noiva do carpinteiro José engravidou e ele garante que não foi dele!” - diriam as más linguas com prazer mórbido, alimentando o escândalo na cidade e em toda a redondeza. Que vexame! Saberia ela conviver com uma reputação duvidosa?  

Mil perguntas deviam rodar em sua mente:

* Por que logo eu?

* Será que estaria preparada?

* E José, como enfrentá-lo? Acreditaria em história tão fantástica? Aceitaria o menino ou o rejeitaria?  Estaria disposto a ter como esposa uma mulher acusada de infidelidade?

* E quanto ao menino? Como criar um ente santo? Como preparar numa casa de carpinteiro um garoto que iria ser um rei muito mais importante do que o grande Davi?

*E se ela não estivesse à altura dos desafios? Não seria melhor abrir mão de tamanha distinção e continuar tudo como estava antes? Por que não enviar pelo anjo os mais sinceros agradecimentos a Deus, pedindo que ele escolhesse outra virgem?

Questionamentos razoáveis e compreensíveis.

Quem não já temeu receber bênçãos de Deus, quando acompanhadas de sofrimento? 

São desses temores, humanos, naturais e compreensíveis, que nascem as desculpas

Vários personagens bíblicos deram desculpas, uma vez convocados por Deus para uma missão - como Moisés.

Maria imitaria Moisés em muitas coisas, mas não resistindo a uma convocação divina.

Ela não iria dar desculpa alguma.  

Maria também poderia ter pensado em pedir um sinal - como Gideão, o rei Ezequias, que inclusive, foram atendidos por Deus.

Mas essa hipótese estava descartada. Maria não pediria um sinal, pois acreditava em tudo o que dissera o anjo.

Para que ofuscar o brilho da sua fé, tão firme e tranqüila, com esse tipo de expediente? 

Havia ainda uma última alternativa a lançar mão, caso Maria optasse por não se entregar ao que Deus queria nela fazer.

Uma alternativa pobre, triste, deprimente: a recusa, pura e simples - como Jonas, que, uma vez convocado para ir à cidade de Nínive, foi para o lado oposto! 

Quem sabe se Deus mudaria de ideia e convocaria outra moça, se ela recusasse?

Nada disso! Ficasse esse tipo de rebeldia para os que resistem à vontade de Deus. 

Mas, então, o que falou Maria?

O que vemos é uma moça decidida, que sabiamente percebeu não estar na sua alçada escolher opções, mas apenas aceitar com resignação e humildade a vontade de Deus. Nem mesmo perguntas ela faria, além da única que já formulara. Nada de suposições. E nem de lamentos. Muito menos de hesitação. 

Aqui está a serva do Senhor

Atitude belíssima, pepita de ouro para quem gosta de garimpar nos tesouros da Bíblia. Uma frase que resume toda uma filosofia de vida. Uma vida de quem prontamente se dispõe a servir ao Deus Todo-Poderoso. De quem, quando chamado, não olha para o lado e pergunta “eu?”; de quem não se faz de surdo, não se finge de desentendido, não se esconde.

Maria faz eco ao profeta Isaías, com o famoso “Eis-me aqui, envia-me a mim”.

É desse tipo de crente que Deus precisa! 

Aqui está… quem? Uma personalidade importante em Israel, de agora em diante?

Nada disso. Aqui está… a serva do Senhor.

O anjo a chamou de favorecida. Ela preferiu um termo mais humilde: serva (escrava).

Não serva de Gabriel, ou de José, ou de homem algum, mas do próprio Senhor. 

Naquele momento, a condição que mais dava sentido à vida de Maria não era ser filha dos seus pais, ou a noiva de José, ou uma prima de Isabel, ou uma amiga das suas colegas.

Mas o fato de ela ser serva do Senhor.

É fácil imaginar na voz da bendita moça uma ponta de satisfação e de orgulho (no bom sentido) em poder se identificar assim. Era um privilégio.

Quando Deus aceita um serviço de alguém, é enorme a honra de quem o realizou. E suficiente para torná-lo a pessoa mais realizada da terra.

A jovem Maria compreendeu de maneira perfeita o seu papel naquele grandioso plano que acabara de lhe ser anunciado. Uma serva. Não uma co-igual com Deus, não uma sócia, não uma companheira. Apenas uma serva. Isso era tudo. Tudo e muito. Muito mais do que poderia desejar. 

Que se cumpra em mim conforme a tua palavra

Rendição total. Sem condições.  Sem perguntas. Sem pedidos de provas.

Maria mostrava-se pertencer à classe dos que colocam à inteira disposição do Senhor não apenas os bens, o tempo, ou o corpo, mas a própria alma.

Servos assim encaram como quase inimigos os projetos pessoais que não se coadunam com os desígnios de Deus.

Os planos de Maria eram águas passadas. Estava pronta para a radical mudança de vida. Pronta para a convocação divina.

Que demonstração de fé, humildade, coragem e prontidão. Deus a convocara para participar do maior milagre que já fizera desde que houve mundo.

O seu ventre seria o “ninho” que ternamente acalentaria por nove meses o Filho de Deus feito homem.

Essa era a chamada. A serva se apresenta, bate continência ao Senhor dos Exércitos e se coloca às ordens. 

Espero que você, quando convocado, reaja assim também. 

Que Deus nos abençoe. Amém 

Mauro Clark, 73 anos, pastor, pregador e conferencista, foi consagrado ao ministério em 1987. Iniciou em 2008 a Igreja Batista Luz do Mundo, que adota a posição Batista Regular. Mauro Clark é também escritor. Produziu artigos em jornal por dez anos e tem escrito vários livros de orientação e edificação cristã. Em 2004 instituiu o Ministério Falando de Cristo.
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