Este é o terceiro Artigo dedicado à estória de mulher hemorrágica (Lucas 8.42-48).
A mulher, após tocar na orla da veste de Jesus, já curada, tentou ir embora discretamente. Não deu certo. Jesus perguntou: "Quem me tocou?". Ela ficou calada. Todos negaram. Posso imaginar o constrangimento daquela mulher de fé, com medo de falar para a multidão, coração batendo rápido.
Pedro estranhou a pergunta, uma vez que Jesus estava sendo não apenas tocado, mas empurrado pela multidão. Como podia querer saber quem o tocou? Pergunta esquisita! A mulher deve ter se sentido aliviada com a intromissão de Pedro. Mas não adiantou. Jesus insistia em afirmar que alguém o havia tocado e não abria mão de uma identificação pública.
Cenas semelhantes têm ocorrido desde aquele tempo. Alguém angustiado, sem Deus no coração e convicto do seu miserável estado de pecador, após tentar tudo o que o mundo oferece, resolve buscar Jesus. Não se intimida com a multidão de religiões que cercam a Cristo, fazendo dele a sua figura principal. Preocupa-se apenas em ler a Bíblia ou ouvir mensagens nela baseadas. Está decidido a ter um encontro pessoal com Jesus. E o encontro acontece. Não de uma forma física, visível ou audível, mas na esfera espiritual. Todo o ser da pessoa vibra com a experiência. "Jesus é tão real! De hoje em diante vai suprir todas as minhas necessidades, agora e eternamente. Agora eu sou dele. Minha alma está curada!"
Segue-se então uma fase difícil. A pessoa sente medo da reação da família, da sociedade, dos amigos. "Como reagirão quando eu disser que me entreguei a Jesus, que daqui para a frente viverei em função dele? Que usarei toda a minha capacidade para lhe ser fiel e obediente?" E as pressões se tornam grandes sobre esse novo crente. Tal qual a mulher hemorrágica, tenta guardar só para si a maravilhosa experiência. Fica quieto, mesmo com o desejo de falar bem alto, gritar talvez. Falta coragem.
Acontece então como na passagem bíblica: Jesus não se conforma com o silêncio! Faz questão de um testemunho público.
Pense um pouco: o que teria sido daquela pobre mulher, se ninguém houvesse falado de Jesus para ela? O que seria das almas perdidas, se os que conhecem intimamente a Cristo ficassem calados? Deus utiliza os salvos para pregarem o Evangelho e assim levarem outras pessoas à salvação. Esse é o método divino.
O fato é que a mulher não suportou a insistência do Mestre. Note que ele perguntou "Quem me tocou?". Ela poderia ter se limitado a responder apenas "Eu!"
Mas quando conseguiu vencer o pânico e decidiu-se a falar, ela fez muito mais do que apenas identificar-se. Contou a todos os presentes a sua estória e glorificou a Cristo alto e bom som, testemunhando sobre o milagre. Em suma, ela adorou publicamente a Jesus.
Quem se converte a Cristo não demora a vencer a resistência inicial e logo "abre a boca no mundo". Simplesmente não consegue ficar calado. Sente-se invadido por intenso desejo de falar do Salvador, custe o que custar.
Por experiência própria, imagino a felicidade daquela mulher ao ouvir, depois de tudo, a doce frase de Jesus: Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz.