Nos dois últimos artigos tenho tratado sobre o alcoolismo. Hoje pretendo encerrar esta pequena série.
No primeiro, concluí que a Bíblia condena a embriaguez, o excesso de bebida, e não o beber moderado. E deixei uma pergunta no ar: qual o limite entre o beber moderado e a embriaguez?
No segundo artigo argumentei que não é possível detectar com precisão esse ponto, já que é um processo lento e progressivo. E falei que, quem bebe o primeiro gole, se arrisca a enfrentar um inimigo perigoso e traiçoeiro, além de se expor ao pecado de desobediência a Deus, caso se embriague. Comentei também sobre os terríveis malefícios do álcool. E terminei dizendo que, embora não achasse necessário alistar mais motivos para o meu hábito de jamais tomar bebida alcoólica, eu gostaria de indicar mais um.
Pois aqui está esse motivo: a obrigação cristã de evitar que outro se escandalize.
O apóstolo Paulo comenta sobre um fato interessante que estava ocorrendo entre os membros da igreja de Corinto: alguns estavam comendo carne que anteriormente havia sido sacrificada a ídolos. Para esses, não havia nada mal nenhum, pois a carne em si era sadia e eles não criam naqueles ídolos. Até ai tudo bem. O problema é que outros se escandalizavam, achando repugnante tocar em alimento usado num culto pagão.
E agora, o que fazer? Paulo responde:
“Não é a comida que nos recomendará a Deus, pois nada perderemos se não comermos, e nada ganharemos se comermos. Vede, porém, que esta vossa liberdade não venha de algum modo ser tropeço para os fracos. Porque se alguém te vir a ti, que és dotado de saber, à mesa, em templo de ídolo, não será a consciência de que é fraco induzida a participar de comidas sacrificadas a ídolos? E assim, por causa do teu saber, perece o irmão fraco, pelo qual Cristo morreu. E deste modo, pecando contra os irmãos, golpeando-lhes a consciência fraca, é contra Cristo que pecais. E por isso, se a comida serve de escândalo a meu irmão, nunca mais comerei carne para que não venha escandalizá-lo. (1Coríntios 8.8-13)
Penso que a questão do álcool é parecida. Pode não haver problema se um crente controlado beber um copo de cerveja, por exemplo. Mas, isso certamente escandalizará alguns e poderá levar outros mais fracos a imitá-lo, colocando-os em alto risco.
Sendo assim, além de todos os motivos que me levam a rejeitar o álcool, levo muito a sério a obrigação bíblica de evitar escandalizar alguns irmãos.
Quero encerrar esta série com uma palavra àqueles que estão com dificuldade em abandonar a bebida. Fizeram “promessas” a si próprios e à família, já foram a médicos, tomaram remédios, participaram de organizações específicas, tudo sem efeito.
Tenho uma sugestão, cuja eficiência dependerá basicamente da sinceridade do seu coração. Diga ao Senhor Jesus Cristo que confia no poder e na vontade que Ele tem para curá-lo. Reconheça a sua insignificância e impotência. E humildemente implore por essa ajuda.
Não creio que Ele deixará desamparado alguém com um atitude assim.
Deixo com você, talvez escravizado pelo vício e exausto de lutar, uma das frases mais doces pronunciadas por Jesus:
Vinde a mim todos que estais cansados e sobrecarregados, eu os aliviarei. Tomais sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve. - Mateus 11.28-30