“E percorria Jesus todas as cidades e povoados, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades. Vendo ele as multidões, compadeceu-se deles, porque estavam aflitos e exaustos como ovelhas que não têm pastor”. (Mt 9.35-36).
Surge naturalmente a pergunta: por que Ele não agiu? É que agora não se tratava de compaixão por doença, ou fome, ou por qualquer outra necessidade material. Mas pelo estado espiritual daquela pobre gente.
Quando o evangelista diz “aflitos e exaustos” não significa “fisicamente cansados”, mas ele mesmo explica: “como ovelhas que não têm pastor”. As pessoas estavam confusas, desnorteadas, sem rumo. Almas aflitas e exaustas, por causa de seus pecados, separadas de Deus, perdidas. Esse foi o motivo exato da compaixão dEle.
Jesus sabia que eles precisavam não de um líder político, nem de um professor de doutrinas, mas de alguém que pudesse salvá-los do inferno. Só que essa era uma tarefa inacessível a qualquer mortal, pois todos nascem com o pecado dentro e são, portanto, iguais entre si. Jesus era exceção como um ser humano que nunca pecou. Além disso, tinha uma natureza divina. Ele, e somente Ele, poderia assumir a posição de Pastor das almas perdidas. Mas, para isso, teria que morrer para pagar pelos pecados dos que iria salvar. Que prova de fogo para a sua compaixão!
Uma compaixão quando é genuína, “empurra” a pessoa a fazer algo pelo outro. Pois bem, se aquela compaixão que Jesus sentiu pelas pessoas perdidas foi realmente sincera, certamente iria levá-lo a agir, fazendo o que fosse necessário para livrá-las do inferno.
E então, Jesus realmente agiu? Sim, claro que sim. Graças a Deus! “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas”. (Jo 10.11)
Pendurado naquela cruz, sofrendo os horrores de uma crucificação, Ele estava na realidade agindo em favor de todos nós, perdidos. Estava demonstrando a profundidade da compaixão que sentia pelas nossas pobres almas cansadas e aflitas. Estava assumindo a posição de Pastor. Estava mostrando que era um bom Pastor, dando ali a vida pelas suas ovelhas.
Nas outras vezes, para mostrar compaixão, Ele fazia milagres, exercendo muito poder. Agora era o contrário. Abriu mão do uso de Seu poder, deixando fazer com Ele o que bem entenderam, até mesmo matá-lo.
Antes, certamente Lhe era agradável mostrar compaixão curando pessoas e saciando a fome de muitos. Agora, era-Lhe infinitamente doloroso mostrar a Sua compaixão, pois para isso teve que entregar a própria vida. Mas é aí onde reside precisamente o valor infinito da sua compaixão. Uma compaixão cuja genuinidade exigia que Ele bebesse um amargo cálice. E Ele bebeu até à última gota!
Você tem usufruído de tanta compaixão?